48% dos alunos da rede estadual de SP já sofreram violência, diz pesquisa

ANA PAULA BIMBATI E RAFAEL NEVES

***ARQUIVO***SÃO PAULO, SP, 28.03.2023 – Fachada da E.E Thomázia Montoro, onde um
aluno esfaqueou colegas da escola e professores.

SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Uma pesquisa da
Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de

São Paulo) aponta que quase metade dos estudantes da rede
pública estadual afirma já ter sofrido violência na escola.
A pesquisa foi feita de 30 de janeiro a 21 de fevereiro deste ano,
pouco mais de um mês antes do atentado na escola Thomazia
Montoro, na última segunda-feira (27).
Segundo a sondagem, 48% dos alunos já sofreram algum tipo de
violência nas dependências das escolas em que estão
matriculados.

– ANÚNCIO –

Entre os estudantes, 71% dizem que já souberam de casos de
violência na escola que frequentam. Esse número é de 73% entre
familiares e 48% entre os docentes.
Quase todos veem piora das condições de saúde mental nas
escolas. Para 95% dos estudantes e dos familiares e 91% dos
professores, questões como esgotamento e ansiedade têm se
tornado mais frequentes.
Foram ouvidos 1.250 alunos, 1.100 professores e 1.250 familiares
em todo o estado de São Paulo. As entrevistas foram feitas em
parceria com o Instituto Locomotiva.
De acordo com a Apeoesp, a pesquisa aponta que o Estado deve
dar mais atenção à violência nas escolas. Na avaliação da
deputada estadual Professora Bebel (PT-SP), presidente da
entidade, tanto o quadro de funcionários como o policiamento das
escolas costumam ser insuficientes.
Além disso, segundo a deputada, praticamente não existem
políticas de prevenção à violência que envolvam a comunidade
escolar. O programa de mediação escolar, criado em 2009 pela
secretaria da Educação a partir de proposta da Apeoesp, em que
professores trabalhavam na solução de conflitos e harmonização do
ambiente escolar, foi praticamente abandonado, disse.
Ela afirma considerar que medidas de vigilância, como instalação
de detector de metais e de câmeras nas áreas comuns, não bastam
para combater o problema.
Vivemos, lamentavelmente, um período de incentivo ao armamento
das pessoas e à banalização da violência, e isso afeta fortemente
os adolescentes e os jovens. É necessário que existam nas escolas
psicólogos capacitados a realizar um trabalho preventivo junto a
esses jovens, disse a presidente da Apeoesp.

A deputada afirma que os professores, por mais preparados que
estejam para identificar e evitar episódios de violência em sala de
aula, não podem fazer o papel de profissionais da área.
E verdade que os professores têm sensibilidade para identificar
potenciais agressores e até mesmo para dialogar com eles,
dissuadindo-os, muitas vezes, de ações violentas. Porém, os
professores são responsáveis por diversas classes com 35, 40 ou
mais estudantes e não lhes cabe atuar nesse campo diz Bebel.
**O QUE DIZ O GOVERNO **
A Secretaria da Educação informou possuir um programa de
mediação de conflitos ativo e atuante. O Conviva busca identificar
vulnerabilidades de cada unidade escolar para implementar ações
proativas de segurança diz a nota.
A pasta anunciou a ampliação do programa para que 5 mil
profissionais fiquem dedicados à aplicação das políticas de
prevenção à violência e disse que a contratação de 150 mil horas
de atendimento psicológico está em andamento.
A plataforma do Conviva, usada para registro de ocorrências nas
escolas, será atualizada para que casos graves sejam facilmente
identificados e a equipe possa intervir pontualmente.

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