Bilionários na mira: Haddad quer taxar fortunas que desafiam a lógica

Ministro da Fazenda pressiona por imposto global sobre os super-
ricos e alerta para a escalada da desigualdade em um mundo à beira

de colapsos sociais e ambientais

por  Barbara Luz

Publicado 06/07/2025 10:38 | Editado 07/07/2025 07:09
Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante encontro anual do Novo
Banco de Desenvolvimento (NDB) dos BRICS | Foto: MInistério da
Fazenda/reprodução
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a defender a criação
de um sistema tributário internacional que taxe as grandes fortunas
em sua participação na Reunião de Ministros de Finanças e
Presidentes de Bancos Centrais do Brics, realizada no Rio de Janeiro.
Segundo ele, o acúmulo de riqueza por uma elite global atingiu níveis
alarmantes e exige ação coordenada entre os países.
“Houve uma redução muito grande das alíquotas cobradas dos super-
ricos, praticamente em todo o mundo. Isso precisa ser repensado. A
concentração de renda no mundo está atingindo patamares
inimagináveis”, afirmou o ministro durante o encontro neste sábado
(5).
Haddad reiterou que cerca de 3 mil famílias concentram US$ 15
trilhões em patrimônio, valor que ilustra, segundo ele, a urgência de
uma reforma fiscal em escala global. “Acredito que, se não ousarmos
um pouco, e não formos para frente com o mecanismo de
financiamento, vamos ter muita dificuldade de enfrentar os desafios
humanos que estamos enfrentando”, alertou.
O ministro também voltou a defender uma Convenção-Quadro das
Nações Unidas sobre Cooperação Internacional em Matéria
Tributária. “Trata-se de um passo decisivo rumo a um sistema
tributário global mais inclusivo, justo, eficaz e representativo – uma

condição para que os super-ricos do mundo todo finalmente paguem
sua justa contribuição em impostos”.
Além da taxação dos bilionários, Haddad propôs uma “reglobalização
sustentável”, ou seja, uma nova etapa da globalização focada no
desenvolvimento social, econômico e ambiental. Ele ressaltou o papel
dos países do Brics, que representam quase metade da população
mundial, como líderes legítimos dessa transformação. “Nenhum outro
foro possui hoje maior legitimidade para defender uma nova forma
de globalização”, disse.
Durante o discurso, o ministro ainda destacou os riscos que a
inteligência artificial impõe ao mercado de trabalho e às finanças
públicas, além de pedir ações concretas contra a crise climática, como
a criação do Fundo Florestas Tropicais para Sempre. A ideia é que
países historicamente poluentes financiem a preservação de
ecossistemas estratégicos.
Segundo Haddad, esse debate não é apenas técnico, mas político — e
deve ganhar força na corrida eleitoral de 2026, com a defesa da
justiça tributária se tornando uma bandeira central do governo Lula.
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com agências

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