Bolsonaro caminha para instalar Estado policial no Brasil

Cientista política avalia que o governo Bolsonaro testa a democracia brasileira a

todo momento e é preciso manter a resistência

O presidente Jair Bolsonaro anunciou segunda (25) que vai editar um projeto de
lei que autoriza o emprego de operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO)
para reintegração de posse em propriedades rurais. Também disse nos últimos
dias que a ampliação do excludente de ilicitude – que impede a punição de
policiais que matem pessoas em ações de segurança – deve valer para
manifestações. Ainda ontem, o ministro da Economia, Paulo Guedes, repetiu o
deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e disse que um novo Ato
Institucional 5 (AI-5) pode ser editado. Para cientista política Roseli Coelho, o
governo vem “testando” a democracia e caminha para instalar Estado policial no
Brasil.
“A verdade é que, a cada momento, eles estão testando a democracia brasileira.
Eles vão até ali, se a sociedade civil, as forças democráticas não se opuserem,
eles avançam. Pelas últimas declarações e acontecimentos, nós podemos concluir
que é possível, sim, uma reedição qualquer do AI-5 de alguma forma, ou até o
uso da GLO para coibir manifestações no campo”, avaliou ela, que também é
professora da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fespsp), em
entrevista aos jornalistas Marilu Cabañas e Glauco Faria, na Rádio Brasil Atual.
Para Roseli, o objetivo de propor ações de GLO para o campo é enfraquecer o
MST, que é um movimento social consistente e tradicional, com penetração e
enraizamento no povo brasileiro. “É mais um passo em direção a um Estado
policial, que é o que ele gostaria de implementar no Brasil. A predominância
absoluta da força e da violência contra qualquer manifestação dos movimentos
sociais, contra a vida democrática do Brasil. A gente nota o aumento da violência
da polícia nos estados, que faz parte desse novo ambiente do governo
Bolsonaro”, afirmou.
A cientista política defende que os meios de comunicação devem relembrar como
ações do tipo das operações de GLO podem ter consequências trágicas. Como
exemplo, lembrou o Massacre de Eldorado dos Carajás, em 1996, quando policiais
militares do Pará assassinaram 19 trabalhadores sem-terra. “Acho que nós,
democratas, a imprensa progressista, deve reeditar, lembrar, mostrar fotos
daquele episódio. Para mostrar o que está no horizonte deste governo autoritário?
É uma reedição desse massacre. Uma mancha indelével da reputação do Brasil no
cenário internacional”, defendeu.

Fonte: Rede Brasil Atual

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