Bolsonaro retarda crescimento econômico e justiça social com salário mínimo sem aumento real

Aprovada nesta quarta (9), proposta orçamentária para 2020 confirma o fim da
política de valorização do salário mínimo. Diretor técnico do Dieese cobra

mobilização de sindicatos para garantir esse direito
Em meio ao encaminhamento legislativo da Lei de Diretrizes Orçamentárias
(LDO), que estrutura o orçamento da União para o próximo ano e estabelece o
fim do aumento real do salário mínimo e dos benefícios a ele vinculados, o diretor
técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio, cobrou, em entrevista à Rádio Brasil
Atual, uma mobilização do movimento sindical para garantir a renovação da
política de valorização do salário mínimo, estabelecida no período do governo
Lula.
Isso porque, na proposta encaminhada pelo governo de Jair Bolsonaro ao
Congresso Nacional, aprovada nesta quarta-feira (9) pelos parlamentares, o PLN
5/2019 ratifica que o piso da remuneração será reajustado apenas pela inflação,
sem a aplicação do aumento real, como ocorre desde 2004, quando as centrais
sindicais conquistaram a aplicação desse critério. Sem essa política, o governo
Bolsonaro projeta para 2020 um salário mínimo de R$ 1.040,00, reajustado
conforme a projeção de inflação pelo INPC-IBGE. Esse piso ainda pode mudar a
depender da variação do índice.
“Em 1º de janeiro de 2020, o salário mínimo terá um valor talvez inferior a R$
1.039,00”, antecipa Clemente à jornalista Marilu Cabañas. Desde quando assumiu
o mandato, a equipe de Bolsonaro sinaliza o rompimento com a política de
valorização, o que pode representar um enorme risco aos trabalhadores, de
acordo com o Dieese. Hoje, sem esse reajuste, o salário mínimo seria de apenas
R$ 573 ante os R$ 998. “Portanto R$ 425 correspondem ao aumento real da
política de valorização”, calcula o diretor técnico da entidade.
A única aposta de Clemente para impedir que a LDO seja sancionada, como prevê
o governo, é que nesse momento de ataque o movimento sindical se articule.
“Porque há no Congresso um projeto de lei de iniciativa de alguns senadores do
PT, o (Projeto de Lei) PL 605, para a manutenção da política de valorização do
salário mínimo para o período de 2020 a 2023”, destaca sobre a iniciativa dos
parlamentares Humberto Costa (PT-SE), Jean Paul Prates (PT-RN), Jaques
Wagner (PT-BA), Paulo Paim (PT-RS), Paulo Rocha (PT-PA) e Rogério Carvalho
(PT-SE).
Instituído em 1934, o salário mínimo tem de fazer frente, desde a Constituição de
1988, à capacidade econômica e de sustento das despesas de várias ordens, mas
ainda está longe do ideal. O Dieese calcula que, para atender a esse preceito, o
piso nacional deveria ser de R$ 4 mil, o que pode ficar ainda mais distante com a
interrupção da política de valorização do salário mínimo. “Essa política mostrou
que é possível aumentar o poder de compra do salário e esse crescimento pode
ser suportado pela economia. Com isso, temos não só um salário melhor, mas
também uma dinâmica virtuosa em termos de crescimento e promoção de justiça
social”, finaliza o diretor técnico.

Fonte: Rede Brasil Atual

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