Centrais e CNI: para enfrentar desafios da indústria, será preciso contrariar o governo Bolsonaro

Em seminário no Rio, seis centrais sindicais e a principal representação dos
empregadores da indústria defenderam políticas públicas para garantir inserção

do setor na economia mundial

Vários obstáculos foram identificados para a inserção da indústria brasileira na
chamada quarta revolução, a indústria 4.0, pelas seis centrais sindicais
reconhecidas formalmente (CSB, CTB, CUT, Força Sindical, Nova Central e UGT),
que, juntamente com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), debateram
nesta quinta-feira (24), sobre o futuro e os desafios do setor para promover
desenvolvimento econômico e qualificação profissional, com empregos dignos e
garantia de renda aos trabalhadores. O encontro ocorreu no Museu no Amanhã,
no Rio de Janeiro.
Em entrevista à jornalista Marilu Cabañas, da Rádio Brasil Atual, o diretor técnico
do Dieese, Clemente Ganz Lúcio, que participou do encontro, explicou que as
mudanças tecnológicas estão alterando as atividades produtivas, sobretudo as
industriais, como um todo, acabando com postos de trabalho e criando demanda
por novas ocupações. De acordo com Clemente, diante desse cenário as
entidades reunidas naquele seminário chegaram à conclusão de que é preciso
investimentos em ciência, tecnologia e inovação, que garantam aos trabalhadores
uma formação qualificada desde a educação básica à profissional e de nível
superior. “Uma formação adequada para a combinação entre cidadania e a
preparação para o mundo do trabalho”, ressaltou.
Para enfrentar essas transformações, as centrais e a CNI também debateram a
formulação de uma agenda conjunta com iniciativas que deem conta dessas
transformações tecnológicas, sem abrir mão do debate sobre direitos dos
trabalhadores e do papel da indústria no desenvolvimento do país.
Segundo Clemente, foram apontadas desde a necessidade de alterações do
parque industrial brasileiro às graves dificuldades que passa o sistema produtivo
nacional. Também foram feitas sugestões de políticas públicas para o setor, cujos
teores se mostraram na contramão do governo de Jair Bolsonaro que vai “no
sentido contrário de dar capacidade e competitividade às nossas indústrias”
dificultando a inserção de produtos nacionais na economia mundial.
“O desmonte que foi feito de empresas fundamentais, em especial no setor da
construção, mas não só. Muitas vezes o combate à corrupção tem levado à
destruição do sistema produtivo (do Brasil), o que é um absurdo, porque o
combate à corrupção não pode, em nenhum momento, afetar a estrutura dos
empregos, a capacidade produtiva do pais. Temos feito isso de forma equivocada
e mal intencionada”, acrescenta.
Na entrevista, Clemente contesta também as políticas econômicas de Bolsonaro
“Num mundo econômico tão desigual, cabe ao Estado criar condições para o
equilíbrio e capacidade de competição na economia mundial.”

Fonte: Rede Brasil Atual

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *