Cesta Básica aumenta e pressiona orçamento familiar
São Paulo lidera com a cesta mais cara a R$ 805,84; salário mínimo
ideal seria R$ 6.769,87 para suprir necessidades básicas..
O valor da cesta básica registrou aumento em todas as 17 capitais
brasileiras monitoradas pelo Departamento Intersindical de Estatística e
Estudos Socioeconômicos (DIEESE) entre setembro e outubro deste
ano, revelando uma nova pressão no orçamento das famílias. Campo
Grande (5,10%), Brasília (4,18%) e Fortaleza (4,13%) lideraram as altas
percentuais, enquanto São Paulo se destacou com o maior custo,
atingindo R$ 805,84, seguido de Florianópolis (R$ 796,94), Porto Alegre
(R$ 774,32) e Rio de Janeiro (R$ 773,70).
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de baixa renda
Os aumentos nos preços da carne bovina, óleo de soja, café, leite e
tomate puxaram o custo para cima. O quilo da carne subiu em todas as
capitais, com destaque para Fortaleza (9,95%) e Brasília (8,02%). O óleo
de soja teve alta em todas as cidades, alcançando 11,88% em Goiânia.
Já o café em pó, essencial na dieta de muitas famílias, aumentou em 16
capitais; em Curitiba, a alta foi de 8,87%.
Entre os principais fatores para o encarecimento estão as condições
climáticas. As estiagens e as queimadas não só pressionam os preços
dos alimentos, como as carnes, frutas, legumes e verduras, como
também elevam os preços da energia elétrica, o que acaba exigindo do
consumidor mais equilíbrio nos gastos.
Diferenças regionais e impacto no salário do trabalhador
Em São Paulo, onde a cesta básica é a mais cara do país, o trabalhador
remunerado pelo salário minímo, após o desconto de 7,5% da
Previdência Social, dedicou 61,7% do seu salário líquido apenas para
adquirir os itens da cesta. Isso representa 125 horas de trabalho.
Em comparação com o mesmo período de 2023, o valor da cesta básica
em São Paulo aumentou 9,17%, e, ao longo dos últimos dez meses, a
alta acumulada foi de 5,89%.
Nas capitais do Norte e Nordeste, onde a composição da cesta é
diferente, os valores médios foram menores. Aracaju teve o menor custo
(R$ 519,31), seguido por Recife (R$ 548,19) e Salvador (R$ 560,65).
Contudo, o cenário não é homogêneo. Em Recife e Fortaleza, por
exemplo, houve uma retração nos preços de -1,60% e -1,17%,
respectivamente, em comparação com o mês mesmo no ano anterior.
Segundo o DIEESE, para sustentar uma família de quatro pessoas, o
salário mínimo necessário em outubro seria de R$ 6.769,87, cerca de 4,8
vezes o salário atual de R$ 1.412,00. Isso demonstra uma enorme
defasagem de valores e reforça a urgência de reajustes no salário
mínimo para adequar o poder de compra do trabalhador, diante de
aumentos constantes em itens considerados essenciais para as famílias
brasileiras.
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Fonte: Vermelho