Com votação da ‘reforma’ da Previdência em aberto, centrais vão às ruas em agosto

Sindicatos e parlamentares querem usar recesso legislativo para ampliar
informação sobre prejuízos do projeto que desmonta as aposentadorias
Centrais sindicais e organizações de estudantes e professores preparam nova
agenda de mobilização contra a “reforma” da Previdência, aprovada em primeiro
turno, na semana passada, pelo Câmara dos Deputados. A ideia é ampliar, nas
próximas semanas, o volume de informação sobre os impactos negativos que o
relatório da Proposta de Emenda Constituição (PEC) 6/2019. O presidente da
Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que pretende concluir o segundo turno
de votação no plenário da Casa no início do próximo mês.
Serão realizados abaixo-assinado, assembleias, panfletagem nas portas das
fábricas e centros de grande circulação de pessoas, com o objetivo de explicar o
quanto a PEC 6/2019, como está, ainda inviabiliza o direito de aposentadoria para
grande parte dos brasileiros.. Em 13 de agosto, está previsto um dia nacional de
manifestações em defesa da Previdência pública e da educação.
O secretário-geral da CUT, Sérgio Nobre, disse ontem (15) durante reunião na
sede da central que a resistência dos trabalhadores, até o momento, foi
responsável por amenizar diversos pontos da “reforma”, na comparação com a
proposta inicial apresentada pelo governo Bolsonaro, mas há ainda muitos pontos
“cruéis” que precisão ser alterados.
“Para fazer uma grande mobilização no dia 13 é preciso manter o ritmo de
pressão nos parlamentares em suas bases, nos municípios onde eles moram e
foram eleitos, nos aeroportos e no Congresso Nacional”, afirmou Nobre. Entre as
propostas “cruéis”, ele destacou a redução da na pensão por morte. Pela proposta
aprovada até aqui, a viúva ou viúvo deverá receber 60% do valor original da
aposentadoria recebida pelo cônjuge falecido, mais 10% para cada filho ou
dependente.
Jogo não terminou
O deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP) destacou que o adiamento da
votação da proposta em segundo turno da “reforma”, na Câmara, anteriormente
prevista para ser realizada antes do recesso parlamentar, significa que a proposta
ainda pode ser alterada, com a supressão de artigos “mais nefastos” aos
trabalhadores.
“O jogo na Câmara e nas ruas ainda está sendo jogado. Eles não conseguiram os
308 votos para retirar a Previdência da Constituição, não aprovaram a
capitalização, não conseguiram acabar com a aposentadoria do trabalhador rural,
nem diminuir o valor do BPC (Benefício de Prestação Continuada)”, afirmou o
parlamentar. Para Padilha, não é hora de “retirar a chuteira e o uniforme nem de
baixar a cabeça”. Ele propôs que os trabalhadores façam “marcação cerrada” nos
parlamentares do PDT e do PSB que votaram a favor da “reforma”, contra a
orientação dos próprios partidos.
“É preciso expor esses deputados na cidade onde eles têm voto. Tem cidades que
são responsáveis por 30% dos votos de um deputado. Tem de expor a foto de
quem votou a favor da reforma. Não tem dinheiro pra outdoor? faz uma faixa em
frente aos sindicatos. Faz uma campanha direcionada com os sindicatos rurais,
dos professores, dos metalúrgicos”, disse o deputado.
Redução de danos

Deputados de oposição afirmam que pretendem usar o recesso do Legislativo
para conscientizar a população sobre os riscos dos direitos perdidos com a
reforma e, assim, pressionar os demais deputados a votarem destaques
supressivos à proposta de reforma, já que outras alterações não podem ocorrer
nessa fase de votação.
“Vamos fazer com que a sociedade saiba quem votou a favor e quem votou
contra. Muitos dos deputados que votaram pela reforma juravam nos palanques
eleitorais que jamais votariam a favor de uma reforma dessa natureza.
Evidentemente, eles vão sentir na base o reflexo disso”, projeta a deputada Alice
Portugal (PCdoB-BA), em reportagem do Brasil de Fato. O deputado Ivan Valente
(Psol-SP), líder do partido na Câmara, também diz que é importante ao menos
reduzir a diferença para que a proposta de “reforma” siga enfraquecida para a
votação no Senado.

Fonte: Rede Brasil Atual

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