Conclat, na quinta (7), mostra maturidade do sindicalismo contra Bolsonaro.

Centrais Sindicais fazem CONCLAT, em São Paulo, para apresentar Pauta da Classe Trabalhadora ao debate eleitoral

De forma unitária, as centrais sindicais realizam a Conferência da Classe Trabalhadora – CONCLAT 2022 Emprego, Direitos, Democracia e Vida-, na próxima quinta-feira, 7 de abril, das 10h às 12h, em São Paulo. No evento, será apresentada a Pauta da Classe Trabalhadora, elaborada a partir dos documentos dos congressos das centrais e que será levada a candidatos(as) às eleições. 

Participarão, presencialmente, somente 500 sindicalistas que foram convidados(as). A conferência será transmitida, ao vivo, e poderá ser acompanhada pela Rede TVT e pelas redes sociais das centrais sindicais. 

A organização envolve a CUT, a Força Sindical, a UGT, a CBT, a NCST, a CSB, a Intersindical Instrumento de Luta, a Intersindical Central da Classe Trabalhadora e Publica.
A transmissãopela Rede TVT –Grande São Paulo – ocorre no Canal 44.1 e Canal 512 HDABC. Além disso, será possível acompanhar o evento pelas redes sociais das centrais sindicais e da TVT.

O presidente da Central dos Trabalhadores e das Trabalhadoras do Brasil (CTB), Adilson Araujo, falou ao portal Vermelho sobre a importância de reativar a Conclat, 40 anos após sua primeira edição.  A CTB tem a iniciativa ao realizar o seu último congresso, em agosto de 2021, e entre as resoluções, que são parte da deliberações da Central, decidiu por articular a construção de uma nova Conferência da Classe Trabalhadora. “Nós fizemos esse diálogo com as centrais sindicais, a proposta foi aceita de forma unitária, e a partir daí, saímos para construir”, relatou o dirigente sindical.

Sobre as dificuldades para unificar estratégias e táticas sindicais tão distintas, Adilson diz que Bolsonaro ajudou a unir o movimento sindical e social por ser a grande ameaça que é. “Há uma superação. Embora se apresente algum nível de ruído, muitas vezes visões corporativistas, um esforço de querer quebrar a unidade, eu diria que estamos num processo de maturação. Há uma maturidade que vem exigindo há um bom tempo a unidade do movimento sindical e o fórum das centrais sindicais tem priorizado isso”. 

Nos últimos quatro anos, o Primeiro de Maio tem sido realizado de forma unitária, inclusive apontando para a formação de uma frente ampla, como lembra ele. “Por mais divergência que se pode ter, a Conclat é uma grandeza, e, é por si só, suficientemente capaz de superar qualquer ruído que haja entre nós”, enfatizou.

Ouça a entrevista completa abaixo:

https://vermelho.org.br/podcast/conclat-na-quint…contra-bolsonaro/

De 1981 a 2022

Qual o sentido da conclat neste ano? A Conclat que aconteceu em 1981, se justificava pela unidade da classe trabalhadora em torno dos objetivos de por fim à ditadura, restabelecer a democracia e trilhar na perspectiva de uma melhor condição de vida para a classe trabalhadora. “A Conclat, há quarenta anos atrás, foi elemento fundamental para construção de um pacto civilizatório que resultou na interrupção da ditadura civil militar e desaguou na consecução da Constituição Cidadã de 1988, que teve como questões fundamentais a garantia dos direitos fundamentais trabalhistas e o nascimento do Sistema Único de Saúde, o sistema de seguridade social, além de alavancar o Brasil para uma perspectiva inaugural, um passo importante para a constituição do estado de bem estar social”, pontuou Adilson. 

Passadas três décadas, as centrais voltaram a se encontrar em 1o. de junho de 2010. Naquela ocasião, a luz da ameaça vigente, o objetivo central era dialogar acerca da necessidade objetiva de uma agenda da classe trabalhadora. Reuniram-se 30 mil trabalhadores e trabalhadoras no Estádio do Pacaembu, dando voz às reivindicações que apontassem para uma política de valorização do salário mínimo e uma agenda vocacionada ao desenvolvimento.

Mas Adilson lembra que, após esse feito, a conjuntura mudou com a chegada das Jornadas de Junho de 2013. “Um aumento da temperatura, criada por um movimento com um discurso de que havia necessidade de reduzir as tarifas de transporte, contudo se elegeu o Congresso mais venal da nossa história. Deu voz a um golpe, subtraiu-se o mandato constitucional da presidenta Dilma Rousseff e o desastre maior foi a eleição do governo ultraliberal de Jair Bolsonaro”, é como resume ele aquele período. 

“A luz da ameaça que se concretizou pós-golpe, com essa agenda regressiva – que proclamou a reforma trabalhista, a terceirização generalizada e irrestrita, a reforma da previdência, que têm como base primeira a imposição da tecnocracia do limite do Teto de Gastos, e impôs a Emenda Constitucional 95 -, empurrou-se o Brasil para o caminho do colapso”, pontua ele. 

Diálogo necessário com a sociedade

Adilson considera essa Conclat desafiadora, na medida em que vai reunir num mesmo ambiente um conjunto de trabalhadores que vão aprovar a pauta trabalhista para dialogar com o conjunto da sociedade e também apresentar aos candidatos e candidatas ao Executivo e Legislativo. 

Quais os elementos centrais que se colocam nesse debate? Adilson aponta a política macroeconômica e as reformas que levaram a precarização das condições de trabalho no Brasil. 

“Nos marcos dessa política macroeconômica regressiva, fundamentada no tripé do câmbio flutuante, juros altos e inflação descontrolada, não vamos a lugar algum. Só quem ganha com isso é o rentismo e os grandes bancos”. 

Ele denuncia, como fazem as demais centrais, que o arcabouço da reforma trabalhista que prometia gerar emprego, dar segurança jurídica e fortalecer a negociação coletiva “deu com os burros nágua”. “Cresceu o adoecimento, a precarização do trabalho, o desemprego direto, mais o desalentado, já são mais de 18 milhões, sem contar que o Brasil já tem 37 milhões de trabalhadores subutilizados”, afirma. “Foi uma verdadeira falácia, talvez a maior fake news da nossa história!”. Ele defende junto com a Conclat mobilização para revogar essa reforma. 

Mas admite que não será fácil, exigindo mobilização popular. “Claro que tudo isso vai demandar correlação de forças. Nós precisamos conversar com o nosso povo, fortalecer essa opinião na sociedade para que o nosso povo seja parte desse levante. Um levante que venha se contrapor ao caos que se instalou no Brasil, com gasolina a R$ , botijão de gás a R$ 120, a crescente indigência, pessoas passando fome com 116 milhões padecendo de insuficiência alimentar”. 

Na opinião dele, o clamor da Conclat vai no sentido de que um Governo Democrático Popular não seja “mais do mesmo”. “Ele precisa ter um olhar próximo daqueles que necessitam e reclamam respostas urgentes para um novo rumo e sentido para o Brasil e a nação”.

Vermelho

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