Datafolha mostra Nunes e Boulos prováveis no segundo turno
Intenção de voto espontânea, 28% de indecisos e visita de Lula à
campanha em São Paulo, mostram que votação de Boulos pode avançar sobre Nunes.
A corrida eleitoral para a Prefeitura de São Paulo segue acirrada, com
Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL) mantendo-se à frente
nas intenções de voto, conforme os resultados mais recentes da
pesquisa Datafolha, divulgada nesta quinta (26), em meio a uma
campanha marcada por ataques e até um incidente de agressão física.
Nunes lidera com 27% das intenções, seguido de perto por Boulos, com
25%, enquanto Pablo Marçal (PRTB) consolida-se mais distante na
terceira posição, alcançando 21%, em uma oscilação positiva dentro da
margem de erro em relação à pesquisa anterior.
Interessante notar que, na pesquisa espontânea, onde os eleitores
mencionam seus candidatos sem ver a lista, Boulos ainda lidera com
21%, à frente de Nunes e Marçal, ambos com 16%. Esse dado sugere
que, embora Nunes mantenha a liderança na pesquisa estimulada,
Boulos possui uma forte presença espontânea na mente do eleitorado, o
que pode indicar um potencial de crescimento na reta final.
O cenário estimulado pelo Datafolha reflete uma estabilidade nas
tendências de voto, apesar das recentes turbulências na campanha. O
impacto da agressão física ocorrida durante o debate no programa Flow,
onde um assessor de Marçal agrediu o marqueteiro de Nunes, foi menos
relevante do que a intenção de votos que vinham se confirmando para o
candidato. O caso, que poderia ter prejudicado a campanha do candidato
do PRTB, mostra que os eleitores permanecem firmes em suas escolhas,
destacando a resiliência das campanhas majoritárias.
Agressões e estratégias de campanha
A agressão no debate, que culminou na expulsão de Marçal, trouxe à
tona as questões de comportamento e ética na política, um ponto que o
candidato havia tentado controlar dias antes, ao anunciar que mudaria
sua postura e adotaria um tom mais conciliador. Entretanto, a mudança
parece ter sido temporária, com Marçal retomando o tom agressivo em
poucos dias. Esse episódio reforça a percepção de que, para o candidato
do PRTB, o enfrentamento e a polarização são táticas fundamentais para
manter sua base eleitoral, especialmente entre os evangélicos, onde ele
compete diretamente com Nunes.
Por outro lado, Nunes busca reforçar sua base conservadora com visitas
a igrejas evangélicas e entrevistas em canais bolsonaristas, mirando no
eleitorado alinhado com o ex-presidente Jair Bolsonaro, que tem estado
ausente dos atos de campanha. Essa estratégia é complementada pela
presença do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que se
consolidou como um dos principais cabos eleitorais do prefeito.
Guilherme Boulos, por sua vez, segue uma linha de confronto direto com
Nunes, buscando fortalecer seu apoio nas periferias de São Paulo, áreas
tradicionalmente hegemonizadas pelo PT e a esquerda. A ausência de
Lula, cuja visita à capital foi adiada para a véspera do primeiro turno,
representa um revés para a campanha de Boulos, que esperava uma
participação mais ativa do presidente para impulsionar sua votação entre
os eleitores mais pobres. Desta forma, um apoio mais sólido de Lula
deve ficar para um eventual segundo turno.
Cenário eleitoral e perspectivas para o segundo turno
Nunes e Boulos lideram a corrida e a pesquisa mostra que o resultado
vai se consolidando, a dez dias do primeiro turno. A diferença entre os
dois é de apenas dois pontos percentuais, dentro da margem de erro, e
Marçal vai se tornando uma variável menos relevante no embate, uma
vez que se distancia de Boulos. Portanto, a previsão de um segundo
turno entre Nunes e Boulos permanece o cenário mais provável, segundo
as análises das campanhas e do próprio Datafolha.
Outro aspecto revelado pela pesquisa é a percepção dos eleitores sobre
quem será o próximo prefeito: 41% acreditam que Nunes será o
vencedor, contra 22% que apostam em Boulos e 20% que enxergam
Marçal como o eventual eleito. Esses números indicam que, embora a
disputa esteja tecnicamente aberta, a percepção do favoritismo ainda
favorece Nunes, refletindo sua posição estável ao longo da campanha.
A dez dias do 1º turno, que será realizado no dia 6 de outubro, 28% dos
entrevistados estão indecisos.
Guilherme Boulos (PSOL): 21% (eram 23%)
Ricardo Nunes (MDB): 16% (eram 16%)
Pablo Marçal (PRTB): 16% (eram 15%)
Outros candidatos: 7%(eram 8%)
Tabata Amaral (PSB): 5% (eram 4%)
Atual prefeito/no atual: 2% (eram 2%)
Datena (PSDB): 2% (era 2%)
Marina Helena (Novo): 1% (era 1%)
Candidato do PT/No PT/candidato do Lula: 0% (era 0%)
Branco/nulo: 6% (eram 6%)
Não vai votar: 0%
Indecisos: 28% (eram 28%)
Um dado significativo é o alto índice de indecisos: 28% dos eleitores
afirmam que ainda não sabem em quem votar, o que abre margem para
mudanças de cenário nos últimos dias de campanha. Esses eleitores
indecisos serão decisivos, especialmente em um contexto de disputa
acirrada como o atual.
Avaliação de governo e desafios
A gestão de Nunes à frente da Prefeitura de São Paulo continua sendo
um tema central na campanha. A pesquisa mostra que 27% dos eleitores
aprovam sua gestão, enquanto 23% a desaprovam e 47% a consideram
regular. Esses índices permanecem estáveis, sugerindo que o prefeito
conseguiu manter uma imagem de estabilidade, apesar dos
questionamentos enfrentados durante a campanha.
Nunes tem sua maior base de apoio entre os eleitores de baixa renda e o
público evangélico, mas enfrenta a concorrência direta de Marçal nesse
último segmento, onde ambos estão tecnicamente empatados. O prefeito
tem focado sua campanha em temas sensíveis para esse público, como
a segurança e a economia, enquanto também se aproxima do eleitorado
evangélico, com apoio de lideranças conservadoras. Já Boulos lidera
entre as mulheres e busca expandir seu alcance entre os mais pobres,
um eleitorado disputado ferozmente entre os dois candidatos.
A dez dias do primeiro turno, o cenário ainda aponta para uma disputa
apertada. Nunes e Boulos devem seguir como protagonistas da corrida,
mas Marçal permanece como uma incógnita, capaz de desestabilizar o
equilíbrio entre os dois principais candidatos, com desvantagem para o
eleitorado de Nunes. A expectativa é que as próximas movimentações,
especialmente a entrada de Lula na campanha de Boulos, possam ser
decisivas para o resultado final.
Cenários de segundo turno e percepções
A pesquisa Datafolha também trouxe simulações para o segundo turno, e
o atual prefeito, Ricardo Nunes, continua favorito nos dois cenários
analisados. Contra Boulos, Nunes teria 52% das intenções de voto,
enquanto o candidato do PSOL ficaria com 36%, uma vantagem
expressiva que reflete o apoio consolidado do eleitorado conservador ao
prefeito.
Em um eventual confronto entre Nunes e Marçal, o prefeito ampliaria sua
vantagem, com 57% contra 26% do influenciador digital. Esses números
mostram que, embora Marçal esteja crescendo no primeiro turno, seu
apelo eleitoral ainda é limitado para ultrapassar os adversários mais
experientes em um segundo turno.
Quando Boulos enfrenta Marçal no segundo turno, o candidato do PSOL
leva a melhor com 47%, contra 38% do PRTB, um cenário mais
competitivo, mas que ainda favorece o candidato da esquerda. Isso
sugere que, apesar do crescimento de Marçal, seu perfil agressivo e
disruptivo tem dificuldades em conquistar eleitores além de sua base
inicial, o que pode limitar seu desempenho na reta final.
Fonte: vermelho