Diap: demissão de Bebianno dificulta aprovação de reforma da Previdência

Para analista político, exoneração de ministro aponta “um peso e duas medidas” de Bolsonaro e interferência dos filhos na gestão do pai

A demissão do ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno (PSL), nesta segunda-feira (19), irá dificultar as articulações do governo Bolsonaro para a aprovação da reforma da Previdência. Essa é a avaliação do analista político do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) André Luis dos Santos.

O anúncio da exoneração foi feito pelo porta-voz da Presidência, general Otávio do Rêgo Barros, em entrevista coletiva no início da noite. Seu substituto será o general Floriano Peixoto. Para o analista, Bebianno era um dos principais articuladores do governo federal e sua saída desagradou parte da base aliada.

“A reforma já tinha dificuldades e elas se agravam, porque a base não se sustenta mais. O PSL (partido do presidente Bolsonaro), na primeira votação da Câmara sobre o projeto antiterrorismo, já estava rachado. Isso se estende aos outros partidos, porque não tem uma linha única de raciocínio político”, afirmou André, em entrevista à jornalista Marilu Cabañas, na Rádio Brasil Atual.

O texto de reforma da Previdência será uma proposta de emenda à Constituição (PEC) e começará a tramitar pela Câmara dos Deputados. O projeto deve ser aprovado pelo plenário em dois turnos, com adesão de maioria absoluta dos deputados: 308 votos. “Vai precisar de um quórum grande, com articulação com grupos que não fazem parte da base do governo, então haverá mais dificuldades”, acrescentou o especialista.

Na avaliação do Diap, a exoneração de Bebianno aponta dois problemas do governo federal: a falta de critérios nas demissões e a interferência dos filhos nas questões federais. “O governo usa um peso e duas medidas. O ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, cometeu um delito no passado e o Moro disse que ele se desculpou, então estava tudo certo. O caso das candidaturas laranjas também envolve o ministro do Turismo (Marcelo Álvaro Antônio), mas não aconteceu nada também. Então, (a demissão) tem relação com os filhos do presidente. O Carlos Bolsonaro praticamente demitiu o ministro, ou seja, problemas pessoas interferem na relação institucional”, criticou.

Fonte: Rede Brasil Atual

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