Divulgar as lutas e as conquistas; por João Guilherme
O pagamento neste fim de ano do 13º salário é uma boa oportunidade para o
movimento sindical retraçar a origem e a trajetória de lutas desta conquista.
O 13º salário foi pago em 1945 aos eletricitários de São Paulo como abono de
Natal e foi equivalente, na época, à reposição da inflação anual. Logo em seguida
outras categorias o conquistaram e esta reivindicação passou a fazer parte das
pautas sindicais, de negociações, de congressos e de greves, até que em 1962,
depois de uma greve geral e considerado “desastroso” pelo Globo, o 13º salário
foi garantido por lei.
O salário-mínimo, que no português falado no Brasil é simplesmente “o salário”
(metonímia forte) foi instituído em 1940 e passou por várias etapas setoriais e
regionais até se tornar nacional. Seu poder de compra manteve-se praticamente
estável (com uma queda forte no governo Dutra) até Jango, com correções
monetárias e teve o seu vale da morte com a ditadura militar, continuando a
despencar até depois da redemocratização.
A recuperação foi lenta (apesar da validação constitucional de 1988) e somente
se acelerou na passagem do século XX ao atual devido à persistente luta das
centrais sindicais por sua valorização, com as 10 marchas à Brasília e os governos
progressistas de Lula e de Dilma. Foi negada por Temer e Bolsonaro e se refez
como lei no terceiro mandato de Lula (inflação + aumento do PIB de dois anos
atrás), apesar dos arreganhos constantes do rentismo faria lima, que duram até
hoje e têm que ser combatidos.
Junto à comemoração destas lutas e conquistas as direções sindicais devem
valorizar os ganhos reais de salários nas campanhas e negociações durante todo
ano de 2024, exigindo do Dieese e das entidades a mais ampla divulgação com
assembleias e reuniões, entrevistas coletivas de balanço e postagens nas redes
sindicais da internet.
João Guilherme Vargas Netto é consultor sindical
Fonte: Rádio Peão Brasil