Durante visita de Bolsonaro, arcebispo de Aparecida critica ódio e mentira

Religioso sempre fez críticas veladas ao atual presidente. Agora, faz
referência ao processo eleitoral e critica clima de ódio e mentiras.

Santa Missa presidida por Dom Orlando Brandes, Arcebispo de Aparecida/SP
Thiago Leon/Santuário Nacional
Durante a principal missa celebrada do dia de Nossa Senhora Aparecida,
o arcebispo da Arquidiocese de Aparecida, Dom Orlando Brandes, disse
que é preciso combater o “dragão do ódio”, da mentira, do desemprego,
da fome e da incredulidade. O arcebispo também lembrou aos fiéis a
importância do voto como exercício de cidadania. As declarações foram
feitas diante da visita do candidato à reeleição Jair Bolsonaro, ao
santuário, apesar das críticas por tentativa de uso eleitoral do evento
religioso.
Dom Orlando tem um histórico de críticas sutis ao presidente. Na mesma
celebração de 2021, quando Bolsonaro visitou o local, Dom Orlando
criticou a política armamentista do governo. “Para ser pátria amada não
pode ser pátria armada. Para ser pátria amada, seja uma pátria sem
ódio. Para ser pátria amada, uma república sem mentira e sem fake
news”, disse, sem citar o presidente. Em 2020, Brandes já havia
condenado o aumento das queimadas na Amazônia e no Pantanal. Um
ano antes, criticou em sermão o “dragão do tradicionalismo” e disse que
a “direita é violenta e injusta”.
Durante a homilia, o religioso apontou os diversos dragões que Maria
tem vencido, numa clara referência aos graves problemas sociais vividos
no Brasil. “O dragão, que já foi vencido, a pandemia, mas temos o
dragão do ódio, que faz tanto mal, e o dragão da mentira. E a mentira
não é de Deus, é do maligno. E o dragão do desemprego, o dragão da
fome, o dragão da incredulidade. Com Maria, vamos vencer o mal e
vamos dar prioridade ao bem, à verdade e à justiça, que o povo merece,
porque tem fé e ama Nossa Senhora Aparecida”.
Ainda durante o sermão, Dom Orlando comentou a importância de
exercer a cidadania através do voto, comparando com o recenseamento
do Império Romano a qual a família de Jesus se submeteu: Inscrever-se
no Império, dar cidadania a Jesus.
Devido aos constrangimentos que a presença eleitoral de Bolsonaro
causa para parte dos devotos, a Arquidiocese de Aparecida chegou a
divulgar uma nota esclarecendo as menções ao Santuário na agenda de
campanha do presidente. A nota esclarece a participação de Bolsonaro
em um terço promovido por católicos conservadores, que não têm
relação com a Arquidiocese. O Centro Dom Bosco, onde Bolsonaro vai
participar da oração se define como uma associação de leigos católicos
conservadores fundada em 2016 com o objetivo de “resgatar a bimilenar
tradição da Igreja”.

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