Fome atinge 1,2 milhão de pessoas no Rio de Janeiro.

Os mais afetados por este drama são os moradores de favelas e a população de rua. Os que passam fome no Rio de Janeiro encheriam quinze vezes o estádio do Maracanã.

A fome é um problema grave de abrangência nacional, mas o Rio de Janeiro tem dados especialmente alarmantes. O número de pessoas que estão passando fome no segundo estado mais rico do Brasil cresceu muito nos últimos anos e atingiu um patamar impressionante.

Cerca de 1,2 milhão de cidadãos fluminenses não tem o que comer, o que representa 6,8% da população, de acordo com o projeto Mapa da Fome. Esse número equivale a quinze estádios do maracanã lotados de pessoas com fome hoje no Rio de Janeiro.

São cidadãos e cidadãs que atualmente dependem de doações para sobreviver. A situação dessa parcela da população do Rio de Janeiro é tão dramática que, segundo um professor da rede pública que atua na Baixada Fluminense e concedeu entrevista à rádio Band News, crianças tem consumido carne de gambá para se alimentar.

Imagem de pessoa separando ossos que são rejeitados pelos açougues, no RJ. Imagem do jornal Extra

Os mais afetados por essa realidade são as pessoas em situação de rua e os moradores de favelas, que veem o problema se agravar a cada dia. De acordo José Bento Vidal, morador de 58 anos da Rocinha: “Eu não consigo me alimentar bem, vendo o almoço para comprar a janta. Às vezes, eu só como pão com mortadela. Já passei de dois a três dias sem ter nada para comer”, disse à Folha de S. Paulo.

A deputada estadual Enfermeira Rejane (PCdoB) vem chamando a atenção para esse crescimento da fome e da insegurança alimentar no Brasil e no Rio de Janeiro, lembrando que quem mais sofre com esse cenário são mulheres: “O Brasil voltou ao mapa da fome e as mulheres são as primeiras a serem demitidas, a terem uma piora na condição de vida e dificuldade para se alimentar. É preciso que a gente fale que as mulheres não têm o botijão de gás nem o alimento para cozinhar. Precisamos fazer com que essa reflexão chegue até as autoridades e que a gente mude esse quadro social que é muito perverso para nós mulheres, sobretudo, as negras”. 

A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB/RJ), também reforça que são as mulheres – principalmente as negras – que mais sofrem com a fome e com a insegurança alimentar no Brasil e no estado. De acordo com a parlamentar comunista, “a fome tem endereço, gênero e cor. Atinge em maior parte os lares sustentados por mulheres e com mais força quando são mulheres negras. Ela é maior nas casas em que o responsável pelo sustento está desempregado(a). Ela é filha do desprezo dos governantes que viraram as costas para a maioria do povo. Como dizia Betinho, “a alma da fome é política”.

O aumento da fome no Brasil é consequência do governo Jair Bolsonaro e seus aliados. A quantidade de pessoas que vive hoje em situação de insegurança alimentar é gigantesca no país.

Manifestação contra a fome. Reprodução internet

Apenas entre os anos de 2020 e 2022, o Brasil amargou um retrocesso de três décadas e viu o número de pessoas com fome saltar de 19,1 milhões para 33,1 milhões, é o que retrata o Inquérito Nacional Sobre Insegurança Alimentar, pesquisa da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Rede PENSSAM).

Esses números mostram que o país retrocedeu ao patamar da década de 1990 no que diz respeito à fome e à insegurança alimentar. Hoje, a maior parte da população brasileira é assolada por algum nível de insegurança alimentar; de cada 10 famílias no país, apenas quatro tem acesso integral à alimentação.

De acordo com o ex-ministro da Saúde, Alexandre Padilha, o desmantelamento promovido por Jair Bolsonaro das iniciativas de combate à fome construídas nos governos Lula e Dilma está gerando consequências graves para milhões de brasileiros e brasileiras: “O Brasil contou com diversas estratégias de combate à fome. Nos governos Lula e Dilma o combate à fome era prioridade, com o aumento da renda dos mais pobres, incentivo a programas como o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) e Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT), fortalecimento da agricultura familiar e do Conselho Nacional de Segurança Alimentar (Consea). Todas essas estratégias foram desmanteladas pelo governo Bolsonaro”, afirmou Padilha em um artigo publicado pela Rede Brasil Atual.

A deputada federal Jandira Feghali ressalta que o trabalho de duas décadas foi destruído pela gestão Bolsonaro, o que, segundo a parlamentar do PCdoB/RJ, evidencia a necessidade de derrotar o bolsonarismo nas urnas em outubro deste ano: “O trabalho de quase duas décadas foi inteiramente abandonado e a democracia sendo permanentemente fragilizada. Este não é o país que queremos. Não é o Brasil que nosso povo merece. Estamos no limite do inaceitável. Não pode mais haver dúvida sobre a necessidade de mudança no Brasil. Não posso crer que a fome do outro não sensibilize as pessoas que tem refeição todos os dias. Que a desnutrição dos filhos de outras mulheres não toque o coração das mães brasileiras. O que falta para que a sociedade se movimente e impeça a consolidação da barbárie e nos devolva a possibilidade de construirmos uma civilização onde possamos olhar uns para os outros sem sentirmos vergonha da nossa omissão?”, pergunta Jandira.

Fonte: Vermelho

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