Lula vai enfrentar Facebook, Telegram e YouTube

Ministro da Justiça, Flávio Dino, deve entregar a Lula uma minuta de
projeto de lei para “responsabilizar as plataformas de internet por
conteúdo em violação à Lei do Estado Democrático de Direito”

Peças-chave desta era de desinformação e fake news, as gigantes
mundiais de tecnologia da informação – também conhecidas como big
techs – estão na mira do governo Lula. Segundo a Folha de S.Paulo, o
ministro da Justiça, Flávio Dino, deve entregar a Lula uma minuta de
projeto de lei para “responsabilizar as plataformas de internet por
conteúdo em violação à Lei do Estado Democrático de Direito”.
Entre as big techs, um dos principais alvos é a Meta, proprietária
do Facebook, do Instagram e do WhatsApp – três redes sociais das mais
populares do Brasil. Mesmo com a ofensiva do Judiciário –
especialmente do STF (Supremo Tribunal Federal) – contra as fake
news e os ataques à democracia, é consenso que a resposta do conjunto
das redes sociais tem sido insuficiente.

“Segundo a agência de checagem Lupa, após dez dias, 76% dos posts
golpistas denunciados pela agência seguem online nas redes”, lembra
a Folha. “A Lupa recebeu denúncias com 2.173 links únicos com material
que serviu à organização e divulgação dos ataques violentos de 8 de
janeiro. Os links remetiam
a Instagram, Facebook, Twitter, YouTube, TikTok e Kwai.”
Reportagem do Globo mostra que, mesmo após a vitória de Lula sobre
Jair Bolsonaro nas eleições 2022, a extrema-direita segue forte nas
redes sociais. O jornal carioca, usando dados da plataforma
CrowdTangle, apontou que “narrativas bolsonaristas tiveram mais
impacto digital no Facebook e Instagram que postagens de aliados de
Lula com o objetivo de desmenti-las”.
Entre 12 e 19 de janeiro, as buscas relacionadas a Lula no Google com
maior ascensão tinham a ver com campanhas de desinformação e
ataques ao petista nas plataformas, segundo dados do Google Trends.
Os principais termos foram “auxílio-reclusão”, referência à mensagem
falsa de que o governo teria aumentado o valor do benefício concedido a
familiares de presos para R$ 1.754,18, e “robótica”, relacionado ao veto
de Lula à obrigatoriedade de aulas de programação e robótica na grade
escolar.
Flávio Dino defende o conceito do “dever de cuidado”, que foi
recentemente incorporado à legislação sobre internet na União Europeia,
no Reino Unido e na Alemanha. Para o ministro, é necessário que as
empresas, por conta própria, apresentem “relatórios de transparência
periódicos detalhando como removeram ou reduziram o alcance de
conteúdo ilegal e adotar medidas de mitigação de risco de disseminação
dessas publicações”.
Embora as regras de uso dessas plataformas prevejam a legalidade,
sobressai a profusão de notícias falsas em conjunturas como a da
pandemia de Covid-19 e das eleições presidenciais. Um inquérito sobre
a fake news no STF investiga a participação do ex-presidente Jair
Bolsonaro (PL) nessas campanhas de desinformação e golpismo.
Fora das big techs, a empresa mais preocupante é o Telegram. Neste
mês, por exemplo, o aplicativo de mensagens se negou a cumprir a
determinação do Supremo de bloquear um canal do bolsonarista Nikolas
Ferreira, deputado federal eleito pelo PL-MG. Por conta disso, o ministro
Alexandre de Moraes, do STF, multou o Telegram, nesta quarta-feira
(25), em R$ 1,2 milhão.
Segundo Moraes, o descumprimento da decisão configura uma
“colaboração indireta” à “continuidade da atividade criminosa” de Nikolas.
Diz o ministro: “A rede social Telegram, ao não cumprir a determinação

judicial, questiona, de forma direta, a autoridade da decisão judicial
tomada no âmbito de inquérito penal, entendendo-se no direito de avaliar
sua legalidade e a obrigatoriedade de cumprimento”.

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