Na TVT, centrais criticam governo e afirmam que país precisa de um projeto de crescimento

Dirigentes afirmam que faltam políticas públicas e uma ação articulada no combate à pandemia


A crise da pandemia confirma que o governo não tem projeto para o país, criticaram presidentes de centrais sindicais ao participar nesta terça-feira (16) do programa Bom para Todos, da TVT. Desta vez, os participantes foram Sérgio Nobre (CUT), Ricardo Patah (UGT) e José Calixto (Nova Central). “Em vez da pandemia e dos empregos, ele (Jair Bolsonaro) prefere atacar as instituições”, afirmou logo no início o líder da CUT à apresentadora Talita Galli.


Ele lembrou que a taxa de desemprego, hoje entre 12% e 13%, poderá chegar a até 20%. Enquanto isso, na questão sanitária o país deverá chegar ainda nesta semana à triste marca de 50 mil mortos em consequência da covid-19. “E há estudos que até o final do mês que vem o Brasil pode ultrapassar os Estados Unidos”, acrescentou Sérgio.


O dirigente também considerou um fato “gravíssimo” o ataque, com rojões, ao Supremo Tribunal Federal (STF), no último sábado (13). “Um crime que não pode de maneira nenhuma deixar de ter uma resposta muito forte da sociedade.”


Patah lembrou que, além dos efetivamente desempregados, o país tem 5 milhões de desalentados, pessoas que desistiram de procurar trabalho. Ao mesmo tempo, o governo mostra uma “ação política descompromissada”, sem apontar para a recuperação da economia.


Linha de frente

Ele lembrou que a central representa trabalhadores que estão “na linha de frente” da pandemia, como motoboys, comerciários e motoristas de ônibus. Patah avalia que o número de mortes no Brasil poderá chegar a até 100 mil. “Para alguns não é nada, mas são 100 mil trabalhadores, homens e mulheres, que tombaram por ausência de políticas públicas”, lamentou.


Calixto associou a precarização no mundo do trabalho à perda de dinamismo industrial. O peso da indústria, que já chegou a aproximadamente 35% do PIB, agora está em torno de 10%. O governo atual, diz, não tem política para o setor, apenas de entrega do patrimônio. “Não por acaso a Petrobras foi o centro do golpe”, acrescentou, referindo-se ao impeachment de Dilma Rousseff em 2016. Mas a crise industrial é ainda anterior à pandemia, lembrou Calixto. “Será uma década perdida.”


Sérgio Nobre e Ricardo Patah lembraram da tramitação da Medida Provisória (MP) 936, que acabou sendo aprovada no início da noite de hoje pelo Senado. “No começo da pandemia, dissemos que a coisa mais importante era proibir demissões no Brasil, ter estabilidade no emprego, um conjunto de medidas articuladas”, observou o presidente da CUT.


“O governo tomou uma série de medidas que não foram construídas na negociação. É hora do governo investir com recursos do Estado a fundo perdido”, acrescentou o dirigente. Os acordos individuais para redução de jornada e salários, como consta na MP, muitas vezes deixam os trabalhadores sem alternativa, lembrou, defendendo a presença das entidades sindicais em todas as negociações. “No governo Bolsonaro não temos interlocução com ninguém”, criticou.


Patah informou que nesta terça houve uma reunião nacional dos trabalhadores em transportes. “Não existe proteção. Só em São Paulo, infelizmente, morreram mais de 20 pessoas nesse período. Parece que as pessoas não se preocupam com a vida. Paulo Guedes (ministro da Economia) é totalmente contra qualquer recurso público ser utilizado em questões sociais”, afirmou o dirigente, citando o New Deal, série de programas implementados nos anos 1930 pelo então presidente dos Estados Unidos, Franklin Delano Roosevelt, para recuperar a economia americana.


CUT: Plataforma da Vida

A CUT lançou a Plataforma Emergencial “Em Defesa da Vida, Trabalho e Renda, Saúde, Soberania Alimentar e Moradia”. A iniciativa contém várias propostas para enfrentar a crise econômica e a situação de emergência sanitária.


Entre as propostas, segundo a central, está a criação de uma “fila única” de acesso a leitos de UTI, tanto público como privados. A entidade defende garantia de fornecimento de equipamentos de proteção individual e coletiva (EPIs e EPCs) para trabalhadores em serviços essenciais, especialmente os da saúde.

Fonte: Rede Brasil Atual

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