Para centrais e Dieese, reforma da Previdência ainda tem perversidades

Dirigentes avaliaram a greve geral de 14 de junho como positiva e preparam
agora entrega de abaixo-assinado contra a PEC da Previdência na Câmara e no

Senado

A greve geral da última sexta-feira (14) foi “muito positiva“, na avaliação das
centrais sindicais, que agora se preparam para ir a Brasília, possivelmente na
semana que vem, para entregar aos presidentes da Câmara e do Senado abaixo-
assinado contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 6, que muda as
regras da Previdência. Mesmo com alterações no texto feitas pelo relator,
deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), os dirigentes mantêm as críticas ao projeto.
Eles se reuniram na tarde desta segunda-feira (17) em São Paulo, na sede do
Dieese, para avaliar a paralisação e organizar os próximos passos. Ao final de
duas horas de encontro, com representantes de 10 centrais, foi divulgada uma
nota sobre a greve (leia ao final do texto).
“Houve mudanças importantes (no texto da PEC 6), com a retirada da
capitalização e em parte da desconstitucionalização”, afirmou o diretor técnico do
Dieese, Clemente Ganz Lúcio. “Mas na essência as regras paramétricas foram
mantidas. E são perversas para os trabalhadores“, acrescentou. O instituto deve
publicar nesta terça-feira uma nota técnica sobre o relatório apresentado pelo
deputado tucano na comissão especial que analisa o projeto do governo.
O secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna, disse que o
movimento de sexta “teve capilaridade no país todo”. “A unidade das centrais foi
fundamental”, afirmou. Segundo ele, as mudanças incluídas no relatório, ainda
que insuficientes, “foram fruto das mobilizações dos trabalhadores”. Um dos alvos
das centrais é a questão da idade mínima.
“Foi uma greve mais ‘chão de fábrica’ do que em 2017”, comentou o secretário de
Finanças da UGT, Moacyr Pereira, referindo-se à paralisação nacional realizada há
pouco mais de dois anos pelas centrais. O movimento agora teria se concentrado
mais em locais de trabalho. Ele também destacou decisões judiciais contra a
greve, particularmente no setor de transporte. “Houve ameaças e práticas
antissindicais, mesmo assim os trabalhadores participaram.”
Para o secretário-geral da CGTB, Carlos Pereira, houve uma “vigorosa resposta”
do movimento sindical à tentativa do governo de impor a “reforma” no
Congresso. “A greve verdadeiramente abriu o debate e rompeu a represa que
sustentava o pensamento único segundo o qual a responsabilidade do desastre
econômico é da Previdência.”
“A greve mostrou que a classe trabalhadora pode derrotar essa proposta”, disse o
secretário-geral da CUT, Sérgio Nobre, segundo a Agência Sindical. “Foi pujante e
ampliou sua ação para o interior.”
Também estiveram no Dieese dirigentes da CSB, CSP-Conlutas, CTB, Intersindical
(duas) e da Nova Central. Eles voltarão a se reunir, no mesmo local, na próxima
segunda-feira (24).
Confira o documento das centrais sobre a greve
As Centrais Sindicais, reunidas nesta segunda-feira, 17/06, avaliaram como muito
positiva a greve nacional realizada em 14 de junho, que promoveu paralisações
em centenas de cidades e em milhares de locais de trabalho, além de atos e

passeatas contra o fim da aposentadoria, os cortes na educação e por mais
empregos. O sucesso da mobilização é resultado da unidade de ação do
movimento sindical, construída ao longo do tempo e renovada nas deliberações
das assembleias em locais de trabalho, em plenárias por categoria e
intercategorias; e da articulação com os movimentos sociais, populares,
estudantil e religiosos.
Essa greve, que atingiu 45 milhões de trabalhadores em todo o país, é um
movimento que terá continuidade, com a ampliação da unidade de mobilização.
Nosso próximo passo será, em breve, entregar aos presidentes da Câmara e do
Senado abaixo-assinado contra a proposta de reforma da Previdência do governo,
com centenas de milhares de assinaturas coletadas em todo o país.
Nossa prioridade será a definição e construção, em reunião marcada para 24 de
junho, das ações para ampliar a mobilização e a pressão contra a retirada dos
direitos da Previdência e da Seguridade Social.
Agradecemos o compromisso de dirigentes, ativistas e militantes, o envolvimento
dos movimentos sociais e a cobertura de toda a mídia. De outro lado, repudiamos
as iniciativas de práticas antissindicais que visaram criminalizar a força e a luta
dos trabalhadores.
Na unidade, construímos nossa capacidade de luta, que será contínua durante
toda a tramitação da PEC no Congresso Nacional.

Fonte: Rede Brasil Atual

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