Petroleiros cruzam os braços na sexta-feira (24) contra privatizações

Paralisação nacional convocada pela FUP e sindicatos visa denunciar
privatizações na Petrobras e direção bolsonarista que permanece
por  Murilo da Silva

Publicado 22/03/2023 15:24 | Editado 22/03/2023 19:44

A Federação Única dos Petroleiros (FUP) e sindicatos filiados irão
realizar na próxima sexta-feira (24) uma grande paralisação nacional em
protesto contra as privatizações da Petrobras e pela saída de diretores
bolsonaristas que ainda ocupam cargos na companhia.

Em nota, a FUP coloca que os indicados de Bolsonaro que ainda estão
na empresa “correm contra o tempo para concluir as vendas de ativos e
boicotam as propostas de reconstrução da estatal.”
A Federação contesta, principalmente, as privatizações da Refinaria
Landulpho Alves (BA) e Lubnor (CE), assim como de polos de produção
do Rio Grande do Norte e do Espírito Santo.
A partir da paralisação do dia 24 serão realizadas assembleias pelos
sindicatos para a deliberação de estado de greve.
Para Fátima Viana, diretora da FUP e do Sindipetro- RN, “se existe
pressão de forças organizadas lideradas por fundos financeiros, é
preciso que as forças sociais defensoras da reconstrução nacional se
façam ouvidas”, diz.
Privatizações não foram suspensas
No dia 1 de março, o governo federal solicitou à Petrobras a suspensão
de privatizações em andamento por um prazo de 90 dias “em razão da
reavaliação da Política Energética Nacional atualmente em curso e da
instauração de nova composição do Conselho Nacional de Política
Energética (CNPE)”.
Porém, como aponta Fátima Viana, “não se passaram nem 30 dias e a
gestão da Petrobras, em confronto direto com o presidente da República,
deu prosseguimento ao processo de doação e transferência do
patrimônio público para o setor privado, em prejuízo do interesse público,
como é o caso da venda fraudulenta do Polo Potiguar.”
A suspensão é uma medida imprescindível, segundo Fátima, para
averiguar se as vendas da Companhia foram feitas de forma correta.
“Tais vendas foram feitas de forma irregular e sem transparência, seja
em relação à origem e capacidade dos compradores, seja em relação ao
valor. As denúncias sobre tais fatos estão nos órgãos de fiscalização e
no poder judiciário”, aponta.
De acordo com a sindicalista, até que a nova direção da companhia seja
confirmada no final de abril, na assembleia geral dos acionistas, é
preciso acabar com a “cultura bolsonarista” na empresa.
“Não se justifica a continuidade das doações e transferências, porque a
empresa é brasileira, deve obediência às leis nacionais. A permanência
da cultura do período bolsonarista de captura do estado por interesses
minoritários particulares não tem respaldo técnico ou político e precisa
ser erradicada”, critica.

Na mesma linha, Pedro Lúcio Góis, diretor da FUP, do Sindipetro/RN e
da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), coloca
que a paralisação visa pressionar para que o governo Lula assuma de
vez o controle da estatal.
“Nossa paralisação nacional é justamente para solicitar que o governo
Lula assuma o controle da Petrobras. Dentro dessa perspectiva, a gente
prevê ainda a aprovação de estado de greve nas próximas semanas,
caso as privatizações continuem. Basicamente, é uma denúncia de que a
gestão bolsonarista ainda está na direção da Petrobras e precisa sair,
para que a gente possa ter a implementação do programa que foi eleito
nas urnas, contra as privatizações e pela retomada nos investimentos da
Petrobras no Brasil.”
Pedro Lúcio reforça que a exigência dos petroleiros se deve à
continuidade das privatizações pela Diretoria Executiva atual, indicada
pelo governo anterior, mesmo após pedido do novo governo pela
suspenção por 90 dias.
Novo projeto
A categoria dos petroleiros ofereceu ao presidente Lula e ao presidente
interino da Petrobras, Jean Paul Prates, um novo projeto para a
companhia com foco na retomada dos investimentos e na construção da
transição energética, explica Fátima. Com este novo modelo seria
possível sustentar a retomada do crescimento e a geração de empregos.
“É preciso ampliar a capacidade de refino, adotar novo modelo de
precificação dos derivados e, sem prejuízo dos acionistas, adotar nova
política de dividendos que contemple a retomada dos investimentos e a
exploração de novas fronteiras. [Por isso] a recuperação dos ativos da
Petrobras é absolutamente necessária para reconstruir a economia,
recompor direitos, gerar emprego e valorizar o trabalho. Esse é o
caminho para consolidar a soberania nacional, a democracia e para
garantir vida digna ao povo brasileiro”, completa a dirigente da FUP e
Sindipetro- RN.

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