Protestos fragilizam Netanyahu, que pede desculpas a familiares dos reféns

Premiê não cede, porém, a protestos que exigem libertação dos demais sequestrados por meio de acordo com Hamas. Biden afirma que Netanyahu não faz o suficiente pelos reféns.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, saiu a público para
se defender nesta segunda (2) da onda de protestos que chacoalha
Israel desde domingo (1). O premiê pediu desculpas às famílias dos seis
reféns cujos corpos foram encontrados em túneis na Faixa de Gaza na

véspera, mas se distanciou de um acordo por cessar-fogo ao dobrar a
aposta sobre a operação militar no enclave.
“Eu disse às famílias e repito nesta noite: peço desculpas por não termos
conseguido trazê-los de volta com vida”, afirmou ele em um encontro
com jornalistas. “Chegamos perto, mas não conseguimos”.
Autoridades israelenses afirmam que há ainda 60 reféns na Faixa de
Gaza, além de 35 corpos que precisam ser resgatados e entregues às
famílias.
No último domingo, o maior protesto desde os eventos do 7 de outubro
irrompeu contra os planos de guerra da coalizão de extrema direita
liderada por Netanyahu. Cerca de 500 mil pessoas foram às ruas
pressionar por um acordo de cessar-fogo e troca de reféns. Na segunda
(2), uma greve geral paralisou uma série de serviços no país e mobilizou
o grupo político de Netanyahu.
Apesar da mobilização, Netanyahu dobrou a aposta e não mencionou
qualquer inclinação para alcançar um cessar-fogo e uma trégua na Faixa
de Gaza.
“Estes assassinos executaram seis dos reféns com tiros na nuca”, disse
Bibi. “Depois disso, querem que façamos mais concessões? O Hamas é
que precisa fazer concessões. Nós já as fizemos”.
Porta-voz do setor armado do Hamas, as Brigadas Al-Qassam, Abu
Ubaida lamentou em nota “a insistência de Netanyahu em libertar os
prisioneiros por meio da pressão militar em vez de concluir um acordo
significa que eles retornarão para seus parentes em caixões”.
Ele acrescentou que os combatentes responsáveis por vigiar os reféns
receberam novas ordens sobre como proceder caso soldados
israelenses se aproximem dos locais em que estão, mas não detalhou as
instruções. “Netanyahu matou os seis prisioneiros e está determinado a
matar os que restam. Os israelenses devem escolher entre Netanyahu e
o acordo”, disse.
Por mais que o pedido de desculpas de Netanyahu tenha chamado a
atenção (é raro que o premiê reconheça seus erros), o líder da extrema
direita israelense dobrou a aposta sobre o massacre em Gaza e não
cedeu à pressão para assinar um acordo de cessar-fogo,e, assim, libertar
os reféns, reivindicação que levou os mais de 500 mil manifestantes às
ruas..
Pelo contrário, o premiê, que condiciona o fim do conflito à eliminação
total do grupo terrorista —o que alguns argumentam ser impossível—,

voltou a subir o tom contra a organização. “Israel não permitirá que esse
massacre simplesmente passe em branco. O Hamas pagará um preço
muito alto por isso.”
A declaração é mais uma chancela de que o primeiro-ministro nunca
considerou como prioridade o resgate dos reféns. A guerra tem sido
usado por Netanyahu para se salvar dos julgamentos pelos quais o
sionista responde por corrupção e lavagem de dinheiro.
Após a entrevista, o Fórum de Famílias de Reféns lamentou a declaração
do chefe de governo e afirmou “que [Netanyahu] não pretende devolver
os reféns”.
“A luta para devolver os reféns será intensificada e ampliada até que o
último regresse para casa – os vivos para a reabilitação e os mortos para
um enterro adequado”, acrescentou o fórum.
Biden afirma que Netanyahu não fez o suficiente pelos reféns
O presidente dos EUA, Joe Biden, disse nesta segunda (2) acreditar que
o primeiro-ministro de Israel não está fazendo o suficiente para garantir
um acordo com o Hamas para a libertação de reféns israelenses na
Faixa de Gaza.
Questionado se achava que Netanyahu estava fazendo o suficiente para
garantir um acordo para a devolução reféns, Biden disse: “Não”, sem dar
mais detalhes.
Biden afirmou também que a Casa Branca está perto de apresentar uma
proposta final de cessar-fogo para o conflito entre Israel e Hamas.
Após a declaração de Biden, o Fórum de Famílias de Reféns agradeceu
o presidente americano pelos seus esforços para um acordo para libertar
seus familiares.
“O Fórum de Famílias de Reféns elogia o presidente Biden e sua
administração por suas ações e determinação para garantir a libertação
de todos os 101 reféns. Instamos o primeiro-ministro Netanyahu a
demonstrar resiliência, determinação e compromisso semelhantes com a
vida dos reféns”, diz um comunicado.

Fonte: Vermelho

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *