Queiroga foge de perguntas na CPI como a do apoio de Bolsonaro à cloroquina


Em várias ocasiões, a falta de respostas objetivas irritou o relator da comissão, Renan Calheiros (MDB-AL)


O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, recusou-se nesta quinta-feira (6) a responder na CPI da Covid do Senado se compartilhava da visão de Bolsonaro sobre a aplicação de cloroquina no tratamento da Covid-19. Em várias ocasiões, a falta de respostas objetivas irritou o relator da comissão, Renan Calheiros (MDB-AL).


“Vossa Excelência compartilha da opinião do presidente da República sobre o tratamento precoce, especialmente sobre o uso da cloroquina para pacientes da Covid-19? Objetivamente”, indagou Renan Calheiros. O ministro não respondeu dizendo que iria aguardar o protocolo da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec).


Ele ainda foi questionado se não havia pressão de Bolsonaro para que a pasta recomendasse o uso da cloroquina, medicamento com eficácia não comprovada cientificamente contra a doença. “Não há pressão, a exemplo do que aconteceu no período do Ministro Mandetta e do Ministro Teich?”, perguntou o relator. “Senador, eu posso responder pela minha gestão. Então, na minha gestão, não houve qualquer tipo de pressão de quem quer que seja para a manutenção de qualquer fármaco em protocolo clínico e diretriz terapêutica”, respondeu.


Com respostas sendo dadas pela tangente, o relator anunciou a convocação da assessora do Ministério da Saúde Mayra Pinheiro que planejou visitas a médicos nas UBS de Manaus para cobrar o uso da cloroquina no tratamento precoce da Covid-19. Ela, que assessorou o ex-ministro Eduardo Pazuello, permanece na atual equipe.


Sobre o decreto anunciado por Bolsonaro contra o isolamento social nos estados e municípios, Queiroga afirmou que não foi consultado sobre a medida. “Então há um aconselhamento paralelo”, concluiu o relator, referindo-se as orientações dadas ao presidente fora da pasta de Saúde, o mesmo que ocorria nas gestões de Mandetta e Teich.


China

O ministro também não respondeu ao questionamento sobre a fala de Bolsonaro que, sem citar nominalmente a China, insinuou que o novo coronavírus pode ter sido criado pelo país asiático como parte de uma bacteriológica. “É um vírus novo, ninguém sabe se nasceu em um laboratório ou nasceu por algum ser humano ingerir um animal inadequado. Mas está aí. Os militares sabem que é uma guerra química bacteriológica e radiológica. Será que estamos enfrentando uma nova guerra? Qual país que mais cresceu seu PIB? Não vou dizer para vocês.”, afirmou o presidente.


O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), que fez o questionamento, também se irritou como o ministro diante da resposta. O ministro disse que o presidente não falou o nome da China. “Ontem o presidente da república fez uma das declarações mais graves e sérias que eu já vi um presidente da república no Brasil fazer, de que a pandemia poderia fazer parte de uma guerra química provinda da sua origem, evidentemente ele não fala o nome, mas da China. Isso é muito grave. Se nós estamos vivendo uma guerra química é uma das piores situações mundiais desde a Segunda Guerra Mundial se não, nós estamos fazendo uma injúria contra o nosso maior fornecedor de vacinas neste momento”, afirmou o senador.


A oitiva do presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, que seria nesta quinta-feira, foi adiada para a próxima terça-feira (11).

Fonte: Portal Vermelho

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