‘Reforma’ da Previdência deve agravar o desemprego, diz dirigente da IndustriALL

Valter Sanches destaca que, assim como ocorreu com a "reforma" trabalhista,
falsas promessas do governo e do mercado se mostrarão falsas e não devem se

confirmar

A “reforma” da Previdência, caso seja aprovada, não deve contribuir para a
criação de postos de trabalho, como alegam representantes do governo e do
mercado financeiro. Como as pessoas levarão mais tempo para se aposentar,
será mais difícil para trabalhadores mais jovens entrar no mercado formal. Já a
redução no valor das aposentadorias deve significar a diminuição do poder de
compra de parcela importante da população, contribuindo para o esfriamento
ainda maior da economia. É como avalia o secretário-geral do IndustriALL, o
brasileiro Valter Sanches.
Em entrevista aos jornalistas Marilu Cabañas e Glauco Faria, para o Jornal Brasil
Atual, nesta quarta-feira (17), o líder da entidade, que representa 50 milhões de
trabalhadores no setor industrial em 140 países, lembra que os defensores da
“reforma” trabalhista também prometiam a criação de milhões de empregos, que
não se concretizaram. Ele lembra que, em junho, o país foi incluído na lista da
Organização Internacional do Trabalho (OIT) com 40 países que cometem
violação dos direitos sociais. A Medida Provisória (MP) 881, chamada de “MP da
Liberdade Econômica” completa o quadro de “medidas selvagens” cometidas
contra os trabalhadores.
“As pessoas vão ter que trabalhar mais tempo. A rotatividade normal não vai
acontecer. Como pode ter efeito positivo? Ainda vai diminuir valor dos benefícios.
Portanto, a parcela da renda nacional oriunda das aposentadorias e pensões vai
diminuir. É o contrário do ciclo virtuoso, e vai representar um aprofundamento da
miséria”, disse o dirigente. Ele lembra que as contas do sistema previdenciário
estavam no azul até 2015, antes de ser atingida pela crise econômica que fez o
desemprego saltar de 4,8 milhões, em 2014, para 13,4 milhões no primeiro
trimestre de 2019.
Lava Jato
Sanches também atribui parte da crise do desemprego à Operação Lava Jato, que
comprometeu as atividades das principais empresas da construção civil e da
indústria do petróleo. “Todos somos favoráveis ao combate à corrupção. O
problema é que isso destruiu empresas e empregos.” Segundo o secretário-geral
da IndustriALL, esse tipo de prática “não tem paralelo internacional”. Ele cita o
caso da Volkswagen, que teve que pagar € 1 bilhão em multas, por ter sido
flagrada manipulando em seus veículos dados de emissão de poluentes. “A
empresa segue produzindo, não houve demissões em função disso.”

Fonte: Rede Brasil Atual

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