Sindicalistas criticam proposta de derrubar alíquotas de importação

O governo deve anunciar medidas econômicas, mais uma vez, sem ouvir as
partes interessadas. Segundo o jornal Valor Econômico da terça (22), a ideia
agora é promover o corte unilateral das alíquotas de importação dos produtos
industriais.
A tarifa média desses bens cairia, em quatro anos, de 13,6% para 6,4%, o que
deixaria o Brasil com níveis de proteção tarifária equivalentes aos das nações
mais ricas. No caso dos automóveis, haveria queda de 35% pra 12%.
Na matéria, que abriu também a página 4, o Valor não ouviu representantes dos
trabalhadores. A Agência Sindical fez essa parte.
Paulo Cayres, presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM/CUT),
se preocupa com a iniciativa, que não foi discutida com entidades de classe e
pode agravar a situação da indústria no País.
O dirigente observa: “Precisamos de medidas para proteger o setor, porque nosso
grau de competitividade é diferente do mercado externo. Corte de alíquota é
sempre muito preocupante. Ainda mais quando atrelado a países que possuem
outras condições. O grau de competitividade é diferente”.
A proposta do Ministério da Economia e do Itamaraty deve ser apresentada aos
sócios do Mercosul (Argentina, Uruguai e Paraguai). Pela regra, os quatro países
não podem reduzir tarifas de importação isoladamente.
Cayres avalia que os impactos serão extremamente negativos ao setor. “São
medidas tomadas por quem desconhece o ramo. Não levam em conta a
experiência do movimento sindical. Vão errar novamente ao não consultar as
bases”, diz.
Desemprego – Segundo o presidente da Confederação cutista, os efeitos serão
drásticos, “principalmente num momento em que nosso País enfrenta o
fechamento de montadoras”. Cayres lembra que mais de três mil metalúrgicos
ficarão desempregados com o fim das atividades da Ford, em São Bernardo, SP.
Indiretamente, o fechamento da fábrica deve impactar 24 mil trabalhadores,
estimam o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e o Dieese. Cayres questiona: “Não
sei a quem interessa fechar mais postos de trabalho. Não interessa ao País, não
interessa às empresas e menos ainda aos trabalhadores”.
Bahia – Aurino Pedreira, presidente da Federação dos Trabalhadores Metalúrgicos
e Mineradores da Bahia, afirma que o País necessita de políticas de proteção ao
emprego e à indústria nacional. Para o sindicalista, a medida vai na contramão de
países desenvolvidos. “Todos, inclusive os EUA, adotaram políticas de proteção ao
setor industrial. Só o Brasil faz o contrário, para abrir o setor ao capital
estrangeiro”, critica.

Fonte: Agência Sindical

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