Trabalhador brasileiro tem acesso cada vez mais reduzido ao seguro-desemprego

Na comparação com outros 97 países que adotam o programa, Ipea constatou
que a taxa de cobertura do auxílio vem caindo apesar do aumento do desemprego
Estudo comparativo entre a falta de empregos e o uso do seguro-desemprego
mostrou que o sistema de proteção aos trabalhadores brasileiros é um dos menos
generosos do mundo. De acordo com levantamento do Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada (Ipea), em parceria com o Centro Internacional de Políticas
para o Crescimento Inclusivo (IPC-IG), a taxa de cobertura do auxílio é baixa e
vem caindo nos últimos anos, apesar do aumento no número de desempregados.
Em 2015, ao menos 7,8% dos brasileiros fizeram uso do seguro-desemprego. Em
2018, quando a taxa de desemprego atingiu 12,2 milhões de trabalhadores,
apenas 4,8% dos desempregados tiveram acesso ao benefício.
Na prática, os dados revelam que, com o aumento do desemprego e uma
cobertura menor, o país tem garantido proteção apenas a até 600 mil
trabalhadores desempregados, segundo o diretor técnico do Dieese, Clemente
Ganz Lúcio, em entrevista à jornalista Marilu Cabañas, da Rádio Brasil Atual. “Há
uma redução bastante significativa que, se colocada no contexto internacional
mostra que o Brasil é um dos países com menor taxa de cobertura”, destaca
Clemente sobre o estudo que compara a situação brasileira com outros 97 países
que adotam mecanismo similares de seguridade social.
“Isso acontece porque por um lado nós temos uma taxa de informalidade muito
elevada, uma ausência de vínculo laboral estável e protegido com o registro da
carteira de trabalho e, por outro lado, temos uma rotatividade que é grande.
Trabalhadores são contratados e demitidos numa velocidade rápida (…) também o
seguro-desemprego é praticado no Brasil com regras que tornam muito difícil o
acesso ao benefício”, aponta o diretor técnico do Dieese.
O valor mensal do seguro-desemprego pode variar de um salário mínimo a R$
1.735,29, pagos em três a cinco parcelas, a depender do tempo trabalhado. Em
2016, quando as regras de acesso se tornaram mais rígidas, 1,65% do orçamento
público foi gasto com o programa. Em países da Europa, onde o tempo de
proteção é maior, o seguro-desemprego corresponde em média a 4,6% dos
orçamentos. “No seu conjunto, o seguro-desemprego, infelizmente, está longe de
proteger os trabalhadores que se encontram na situação de desemprego no
Brasil”, conclui Clemente.

Fonte: Rede Brasil Atual

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