Bolsonaro pode ter bens bloqueados por bancar Eduardo nos EUA
Ex-presidente admitiu sustentar o filho em ações contra o STF; Supremo
vê possível financiamento de crimes e avalia medidas cautelares
por Barbara Luz
Publicado 28/05/2025 09:45 | Editado 28/05/2025 23:09
Armas apreendidas com um dos suspeitos presos pela Polícia Federal –
Reprodução/Policia Federal
Jair Bolsonaro pode ter suas contas e bens bloqueados por bancar
financeiramente o filho Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos Estados Unidos.
A informação é da colunista Monica Bergamo, da Folha de S.Paulo.
O alerta veio à tona depois que o ex-ministro do Turismo Gilson Machado
lançou, na semana passada, uma nova vaquinha para arrecadar dinheiro
via Pix para o ex-presidente. O motivo? Segundo Machado, Bolsonaro
está “ajudando” Eduardo a viver no exterior — e “não é barato morar nos
EUA”.
De acordo com ele, dos R$ 17 milhões arrecadados em uma campanha
anterior, Bolsonaro já teria gasto R$ 8 milhões em um ano. Parte desse
valor, segundo Machado, foi destinada diretamente a Eduardo, que está
nos Estados Unidos fazendo campanha para que o governo de Donald
Trump pressione por sanções contra o ministro do STF Alexandre de
Moraes.
O próprio Bolsonaro confirmou que está sustentando o filho: “Estou
bancando as despesas dele [Eduardo] agora. Se não fosse o PIX, eu não
teria como bancar essa despesa, ele está sem salário e fazendo o seu
trabalho de interlocução com autoridades no exterior. O que queremos é
garantir a nossa democracia, não queremos um judiciário parcial”,
afirmou.
Essas declarações acenderam o alerta no Supremo Tribunal Federal.
Ministros da Corte avaliam que Bolsonaro, ao admitir o financiamento da
atuação do filho, está assumindo que sustenta ações que fazem parte
das investigações contra Eduardo — entre elas, coação no curso do
processo contra o pai, obstrução de investigação e tentativa de abolição
violenta do Estado democrático de Direito.
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, reforçou essa linha. Em
seu pedido de abertura de inquérito contra Eduardo Bolsonaro, ele
argumentou que Jair Bolsonaro deve ser ouvido, já que é “diretamente
beneficiado pela conduta descrita [os atos do filho contra o STF nos
EUA]” e admitiu ser o responsável por manter Eduardo financeiramente
no território americano.
Gonet ainda deixou aberta a possibilidade de novas medidas contra o ex-
presidente: ao fim do documento, afirmou que requer providências “sem
embargo de outras, até de índole cautelar, que o desenvolvimento dos
acontecimentos possa recomendar”.
As movimentações judiciais podem colocar Jair Bolsonaro em risco
iminente de bloqueio de bens, em mais um desdobramento da crise que
se intensifica entre o bolsonarismo e o STF.
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com agências