Em nove estados, quase 90% dos mortos por policiais eram negros

Com dados referentes a 2023, estudo da Rede de Observatórios da
Segurança ainda mostra que sete pessoas negras foram mortas por dia mpela polícia. As vítimas da polícia chegam a 4025 nestes estados.

Nesta quinta-feira (7), a Rede de Observatórios da Segurança publicou a
quinta edição do boletim “Pele Alvo: Mortes Que Revelam Um Padrão”.
No relatório são revelados dados alarmantes que mostram que a tragédia
brasileira persiste no que diz respeito ao assassinato de pessoas negras
pela polícia.
Nos nove estados monitorados pelo estudo (Amazonas, Bahia, Ceará,
Maranhão, Pará, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro e São Paulo) sete
pessoas negras foram mortas por dia pela polícia em 2023. Os dados
foram obtidos via Secretarias de Segurança Pública e órgãos por meio
da Lei de Acesso à Informação (LAI).
A ação das forças fez 4.025 vítimas nestes estados. Desse número, em
3.169 casos foram disponibilizados os dados de raça e cor, de acordo
com o estudo. Assim, é possível observar que 2.782 (87,8%) dos mortos
eram pessoas negras.
A pesquisa aponta ainda que os atingidos são em maioria jovens adultos
entre 18 e 29 anos. No Ceará está faixa etária concentra quase 70% das
vítimas.
As mortes na juventude negra ainda atingem de forma perversa os
adolescentes de 12 a 17 anos, sendo que 243 foram mortos nos estados
monitorados.
Conforme aponta a Rede de Observatórios, desde o primeiro boletim, de
2020, é possível observar o mesmo padrão de mortes por agentes
estaduais de segurança: as vítimas são parte da população jovem e
negra.
Segundo a coordenadora da rede, Silvia Ramos, “não é aceitável nem
justificável a morte de uma pessoa negra a cada quatro horas pelas
mãos de agentes de uma instituição que deveria zelar pela vida”, coloca.
“Nosso objetivo ao ressaltar esses dados é denunciar a urgência de
um debate público acerca do racismo na segurança e incentivar o
desenvolvimento de políticas públicas que mudem o rumo desta
realidade”, completa.
Nos dados por estados é possível notar resultados positivos e negativos.
No Amazonas houve redução 40,4% em relação ao ano de 2022.
Também apresentaram redução o Maranhão (32,6%), Piauí (30,8%) e
Rio de Janeiro (34,5%).

Quedas também foram registradas no Ceará (3,3%) e Pará (16%), no
entanto, considerando somente a população negra, o número de vítimas
aumentou, o que indica, coloca a rede, a comprovação de um “perfil do
alvo de ações violentas da polícia”.
Por outro lado, a letalidade na Bahia é vista em “crescente exponencial”
com o maior índice desde 2019, sendo que o estado concentra quase a
metade dos casos (47,5%) nos nove monitorados. É o único estado a
ultrapassar a marca de 1 mil casos em 2023: foram 1.702 vítimas. Esta
tragédia tem por trás forte cunho racial, pois 94,6% dos mortos eram
pessoas negras.
Já Pernambuco foi o que registrou maior aumento em relação a 2022,
com 28,6% mais casos. O estado de São Paulo também teve piora nos
dados e reverteu um histórico de reduções de mortes: “aumento de
21,7% no número de mortes causadas pela polícia”, refletido pela
militarização da Secretaria de Segurança Pública paulista com o governo Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Fonte: Vermelho

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