Governo anuncia proposta de isenção do IR até R$ 5 mil; veja o que muda

Projeto prevê isenção para rendas de até R$ 5 mil por mês, aumento gradual para

até R$ 7 mil,

e imposto mínimo de 2,5% a 10% para super-ricos
O governo federal anunciou nesta terça-feira (18) o Projeto de Lei que visa
ampliar a faixa de isenção do Imposto de Renda para trabalhadores que ganham
até R$ 5 mil por mês, e reduzir a alíquota, de forma gradual, de quem ganha
entre R$ 5 mil e R$ 7 mil.
O projeto foi assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em cerimônia no
Palácio do Planalto nesta manhã, com a presença do vice-presidente, Geraldo
Alckmin, do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e dos
ministros da Fazenda, Fernando Haddad, da Casa Civil, Rui Costa, e das Relações
Institucionais, Gleisi Hoffmann.
A medida, que ainda precisará ser aprovado pelo Congresso Nacional antes de
entrar em vigor, faz parte de uma promessa de campanha de Lula. O objetivo é
reduzir a carga tributária para trabalhadores de menor renda e aumentar o poder
de compra da população. Mas, para isso, propõe cobrar um valor mínimo da
camada de maior renda, que costuma pagar muito pouco na pessoa física.
“Um motorista que hoje paga por mês R$ 81 de imposto, em 2026, ele vai pagar
zero e terá economia de R$ 1.068 por ano”, exemplificou o presidente.
O governo estima que a medida irá beneficiar 10 milhões de pessoas, ao passo
que cerca de 140 mil arcarão com um imposto maior.
“Não vai fazer com que os que contribuem deixem de comer sua carne, seu
camarão, seu filé mignon. Mas vai permitir que o pobre coma sua carne”, afirmou
Lula.
Faixa de isenção e “rampa” até R$ 7 mil
Atualmente, a faixa de isenção do IR está em R$ 2.824 mensais. Com a
ampliação para R$ 5 mil, trabalhadores que ganham até esse valor deixarão de
ter o imposto descontado diretamente na folha de pagamento.
Além disso, haverá uma “rampa de saída” para evitar distorções entre os
contribuintes. Quem ganha entre R$ 5 mil e R$ 7 mil terá um desconto parcial no
imposto devido, aumentando gradualmente a carga tributária. Já os contribuintes
com rendimentos acima desse patamar continuarão sujeitos à alíquota máxima de
27,5%.
Além disso, o governo cria a figura do imposto mínimo, que mira grandes rendas
que atualmente recolhem muito pouco ou nada sobre a renda, principalmente
porque são pagos com dividendos, hoje isentos de taxação.
Como fica IR de quem ganha entre R$ 5 mil e R$ 7 mil
Quem ganha esses valores vai pagar menos imposto do que paga atualmente
porque terá isenção parcial, ou seja, um desconto progressivo que vai diminuindo
gradualmente.

– Quem ganha R$ 5 mil terá 100% de desconto. O imposto sem desconto
seria de R$ 312,89.

– Quem ganha R$ 5.500 terá um desconto de 75%. O imposto sem desconto
seria de R$ 436,79. Com a medida, o imposto final a pagar será de R$ 202,13.
– Quem ganha R$ 6.000, terá um desconto de 50%. O imposto sem
desconto seria de R$ 574,29. Com a medida, o imposto final a pagar será de R$
417,85.
– Quem ganha R$ 6.500, terá um desconto de 25%. O imposto sem
desconto seria de R$ 711,79. Com a medida, o imposto final a pagar será de R$
633,57.
– Quem ganha R$ 7 mil não terá desconto e pagará um imposto final de R$
849,29.
Como fica a tabela do IR
A tabela do IR não será alterada. A dedução ocorre após a aplicação da tabela
progressiva, garantindo isenção total até R$ 5 mil e parcial até R$ 7 mil. As
alíquotas progressivas permanecem: 7,5%; 15%; 22,5% e 27,5%.
Ou seja, a dedução só se aplica a quem recebe até R$ 7 mil mensais.
Quem ganha R$ 10 mil ou mais recolherá IR normalmente, conforme a tabela
progressiva.
Como fica a tributação mínima para altas rendas
A tributação mínima para altas rendas funciona de forma progressiva e só começa
a ser aplicada para rendimentos acima de R$ 600 mil por ano.
Primeiro, soma-se toda a renda recebida no ano, incluindo salário, aluguéis,
dividendos e outros rendimentos.
Se essa soma for menor que R$ 600 mil, não há cobrança adicional. Se
ultrapassar esse valor, aplica-se uma alíquota que cresce gradualmente até 10%
para quem ganha R$ 1,2 milhão ou mais.
Já na hora de calcular o valor do imposto devido, alguns rendimentos são
excluídos, como ganhos com poupança, títulos isentos, herança, aposentadoria e
pensão de moléstia grave, venda de bens, outros rendimentos mobiliários isentos,
além de indenizações.
– R$ 600 mil por ano: o cálculo da alíquota mínima resulta em 0%, portanto,
não há imposto mínimo
– R$ 600 mil a R$ 750 mil por ano: alíquota de 2,5%; imposto mínimo a pagar
de R$ 18.750
– R$ 750 mil a R$ 900 mil por ano: alíquota de 5%; imposto mínimo a pagar
de R$ 45 mil
– R$ 900 mil a R$ 1,05 milhão por ano: alíquota de 7,5%; imposto mínimo a
pagar de R$ 78,75 mil
– R$ 1,05 milhão a R$ 1,2 milhão por ano: alíquota de 10%; imposto mínimo
a pagar de R$ 120 mil
O imposto mínimo considera o que já foi pago. Se um contribuinte com R$ 1,2
milhão anuais pagou 8% de IR, terá que pagar apenas mais 2% para atingir os
10%. Se um contribuinte com R$ 2 milhões já pagou 12% de IR, não pagará
nada a mais.
Ganho de capital e retenção na fonte
O ganho de capital não realizado não entra na tributação mínima. Além disso, a
retenção na fonte não se aplicará a produtos financeiros incentivados.

Ou seja, rendimentos isentos não são computados, deixando de fora da tributação
mínima os rendimentos obtidos com:
– poupança,
– títulos isentos,
– herança,
– aposentadoria
– pensão de moléstia grave, venda de bens,
– outros rendimentos mobiliários isentos
– indenizações.
Sou CLT, tenho que pagar mais?
Quem tem vínculo CLT já tem o imposto retido na fonte e não será atingido pela
medida. Se a pessoa é CLT, mas recebe recursos extras que ultrapassam os R$
50 mil por mês, também não terá tributação adicional sobre esse valor.
A nova regra não afeta salários, honorários, aluguéis ou outras rendas já
tributadas na fonte. A medida se aplica apenas a quem recebe rendimentos
isentos, como dividendos de empresas.
Ou seja, mesmo que o rendimento total anual do trabalhador ultrapasse R$ 600
mil, ele só será impactado se parte significativa desse valor vier de rendimentos
isentos, como dividendos. Se os rendimentos são salariais e o IR já é pago sobre
eles, nada muda.
Quem pagará imposto mínimo
Segundo a equipe econômica, 141,4 mil contribuintes (0,13% do total) passarão
a contribuir pelo patamar mínimo.
Esse grupo é composto por pessoas que recebem mais de R$ 600 mil por ano e
que não contribuem atualmente com alíquota efetiva de até 10% para o Imposto
de Renda. Esses contribuintes pagam atualmente uma alíquota efetiva média de
apenas 2,54%.
Quando começa a valer?
O projeto será enviado ao Congresso Nacional, onde pode sofrer alterações. O
presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou que Lula poderia “ter
a tranquilidade” de que a proposta seria tratada com prioridade. “Eu conversei
com o senhor, presidente. O Senado e a Câmara andarão juntos em todos os
momentos daqui em diante”, disse Motta.
A expectativa do governo é que a nova faixa de isenção entre em vigor apenas
em 2026. Ou seja, as regras que regem a declaração de Imposto de Renda que
começou na segunda-feira (17) seguem inalteradas.

Fonte: InfoMoney

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