Policia de Tarcísio mata mais sete pessoas na Operação Escudo

Mesmo após irregularidades e abusos observados nas 28 mortes
anteriores, governo volta a respaldar a violência contra comunidades

pobres da Baixada Santista

No último domingo (4), um homem de 28 anos foi fatalmente baleado por
policiais militares das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota)
durante uma operação na Baixada Santista, notificando a sétima morte
na retomada da Operação Escudo. A ação policial foi intensificada após
a morte do policial militar Samuel Wesley Cosmo na última sexta-feira

(2). A câmera corporal do uniforme do policial morto chegou a registrar o
momento do disparo, mas o autor ainda não foi identificado.
A Polícia Civil investiga todas as mortes ocorridas durante a Operação
Escudo. A Corregedoria da Polícia Militar também acompanha os casos
para apurar possíveis abusos. No entanto, o próprio boletim de uma das
ocorrências, que terminou com a morte de três pessoas no sábado (3),
consta que “o local dos fatos não foi preservado e não foi feita perícia em
razão do tumulto causado nas imediações e do eventual risco do novo
confronto”, repetindo a falta de protocolos investigativos das polêmicas
etapas anteriores da operação.
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Seis das mortes confirmadas aconteceram em Santos, e uma delas em
São Vicente. A Secretaria de Segurança Pública afirma que em todos os
casos houve troca de tiros entre os policiais e as vítimas.
Segundo informações da Secretaria de Segurança Pública do Estado de
São Paulo (SSP-SP), nesta última ocorrência, três policiais da Rota
participavam da operação na Baixada Santista quando receberam
informações sobre a presença de um suposto traficante do Morro São
Bento em um carro próximo ao túnel Rubens Ferreira Martins.
A abordagem ocorreu na Rua Dr. Gastão Vidigal, onde a viatura seguiu o
veículo até o acesso ao morro. Ao solicitar a parada, o motorista de
aplicativo atendeu, mas o passageiro, no banco da frente, teria apontado
uma arma para os policiais. Dois PMs reagiram, disparando cinco e dois
tiros, respectivamente, ambos com fuzis.
O suspeito, ferido, foi encontrado com uma pistola contendo seis
cartuchos intactos. Além do veículo, uma casa também foi atingida pelos
disparos. O motorista de aplicativo relatou que o passageiro pediu uma
corrida para buscar uma moça, mas ao avistar a viatura, mudou de ideia
e instruiu o condutor a retornar ao morro. Ao ouvir os tiros, o motorista
buscou abrigo atrás do carro.

O homem ferido foi encaminhado pelo Serviço de Atendimento Móvel de
Urgência (Samu) para a UPA Zona Noroeste, mas não resistiu e veio a
falecer. A ocorrência foi registrada como morte decorrente de intervenção
policial e homicídio tentado.
Operação letal
A Operação Escudo foi iniciada em julho de 2023, após a morte do
soldado da Polícia Militar, Patrick Bastos Reis, em um patrulhamento no
Guarujá, litoral de São Paulo.
Ela durou 40 dias, deixou 28 mortos e um rastro de suspeitas de
excessos por parte da polícia, como relatos de tortura e execuções.
Deixou ainda 958 pessoas presas, sendo que 382 eram procuradas pela
Justiça. Além disso, 117 armas de fogo e 977 quilos de drogas foram
apreendidos.
Especialistas e o ouvidor da polícia Claudio Aparecido da Silva foram
ouvidos pelo Portal Vermelho, à época, quando apontaram a ineficácia
da operação para garantir segurança pública, os abusos de várias ordens
denunciados e o respaldo que o Governo Tarcísio Freitas dá à vingança
policial contra comunidades pobres.
As irregularidades na operação provocaram intenso debate sobre o uso
de câmeras corporais dos policiais. A requisição das imagens pela
investigação revelou filmagens interrompidas por supostas falhas nos
equipamentos e até mesmo obstrução pelos próprios policiais.
Essa nova etapa é a oitava Operação Escudo desde julho de 2023 e
também a sexta deste ano.
Fonte: Vermelho

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