Universidade Federal do PR revoga títulos concedidos a presidentes ditadores

Por decisão do Conselho Universitário da UFPR, foram anulados títulos de doutor honoris causa concedidos a Castelo Branco, Costa e Silva e Geisel durante a ditadura.

A Universidade Federal do Paraná (UFPR) decidiu, por meio de seu
Conselho Universitário, revogar os títulos de Doutor Honoris
Causa concedidos a três dos ditadores que ocuparam a Presidência da
República durante o regime militar (1964-1985). A decisão foi tomada
nesta segunda-feira (1º), quando completaram-se 60 anos do golpe.
As homenagens haviam sido feitas a Humberto de Alencar Castelo
Branco, em julho de 1964; Artur Costa e Silva, em de setembro de 1968
e Ernesto Geisel, em janeiro de 1976.
Na opinião de Ricardo Marcelo Fonseca, reitor da UFPR, “revogar os
títulos de doutores honoris causa dados aos presidentes da República da
época da ditadura militar brasileira –- que na época ditatorial eram chefes
de estado e de governo, chefes supremos das forças armadas,
articuladores e executores centrais das políticas de repressão e do terror
de Estado, condutores de regimes de força que levaram adiante
horrores, torturas, mortes e supressão de direitos, de liberdades e da
própria democracia -– parece que é medida necessária para uma
instituição como a Universidade Federal do Paraná”.
Ele salientou que é preciso “assegurar que as novas gerações que
entram nos portões da Universidade Federal do Paraná sintam-se
sempre mais e mais conectadas com os melhores valores democráticos.
Precisamos ser melhores amanhã do que somos hoje e do que fomos
ontem”.
O relatório final da Comissão Nacional da Verdade, entregue à então
presidenta Dilma Rousseff em dezembro de 2014, confirmou ao menos
434 mortes e desaparecimentos de vítimas do regime militar, dos quais
191 mortos, 210 os desaparecidos e 33 desaparecidos cujos corpos
tiveram seu paradeiro posteriormente localizado.
O documento aponta ainda a responsabilidade dos que comandavam o
Brasil pelas graves violações de direitos humanos perpetradas durante o
regime. “Na ditadura militar, a repressão e a eliminação de opositores
políticos se converteram em política de Estado, concebida e
implementada a partir de decisões emanadas da presidência da
República e dos ministérios militares”, diz.
Assim, a CNV destacou que refutava, integralmente, “a explicação que
até hoje tem sido adotada pelas Forças Armadas de que as graves
violações de direitos humanos se constituíram em alguns poucos atos
isolados ou excessos, gerados pelo voluntarismo de alguns poucos
militares”.

Fonte: Vermelho

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