Corte na Selic reduzirá gasto com a dívida pública, dizem especialistas.

No entanto, para Marcos Costa, é necessário insistir na redução da taxa básica de juros para que os bancos se sintam pressionados a reduzir o crédito.

O início do novo ciclo de queda da taxa Selic tem potencial para reduzir o gasto com a dívida pública brasileira, além de outros benefícios a curto e longo prazo. No entanto, especialista ouvido pelo Vermelho alerta que é
necessário dar continuidade a queda da taxa de juros para forçar os bancos a reduzirem o custo do crédito.

Nesta quarta (2), o Comitê de Política Monetária cortou a taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual. Com a decisão, a Selic passa de 13,75% para 13,25% ao ano.
A notícia agradou o governo e setores produtivos da sociedade que vinham pressionando o Banco Central a reverter a política monetária contracionista, uma vez que a inflação vem caindo desde fevereiro.
A redução da taxa básica de juros tem potencial para reduzir o gasto do Estado com a dívida pública, uma vez que 40% da dívida está atrelada a Selic. Em junho deste ano, com a taxa em 13,75%, os gastos somaram R$6,19 trilhões.
A Selic serve como referência para os títulos da dívida emitidos pelo governo para obter recursos e manter o Estado funcionando. Isso significa que quanto mais alta ela está, mais o governo gasta para se financiar.
De acordo com economistas ouvidos pelo portal G1, com a decisão do Copom, a economia do setor público pode chegar a R$80 bilhões no fim de 2024. Caso o ciclo seja mais intenso, e o Copom optar pela taxa de 9% ao ano, o Estado deixaria de gastar cerca de R$100 bilhões com os títulos.
Para o professor Marcos Costa, mestre em Economia da Educação da Universidade Federal Fluminense, com a redução da Selic, a queda dos gastos pelo Estado com a dívida pública é uma certeza.
“O que sabemos com certeza é que a redução da Selic diminui o valor do pagamento do serviço da dívida”, disse Costa.
Segundo o economista, a nova condução da política monetária será importante para economia do país. “O fato da nota do BC indicar que o centro da política monetária é de redução da taxa de juros cria, por exemplo, expectativas positivas para o aumento do investimento, em particular, na indústria”, pontuou.
No entanto, para que a população sinta os efeitos da redução da Selic é necessário que o Copom dê continuidade ao corte. “Contudo isto não significa uma melhoria instantânea ou mesmo a curto prazo na vida do povo. Melhoria significaria, por exemplo, um cidadão comprar alguma coisa na Casas Bahia e pagar com juros menores. No entanto, no período em que a taxa de juros permaneceu nos 13,75 os bancos aumentaram suas taxas de juros, porque [a Selic] é apenas uma referência. O BC reduzir a taxa de juros não significa que os bancos também vão reduzir porque eles não são obrigados a isso e nada impõe que eles reduzam suas taxas de no mesmo patamar e velocidade que o
BC”, disse.
“No fim, será a continuidade do novo ciclo que forçará os bancos a reduzirem suas taxas de juros”, concluiu Costa.
Fonte: Vermelho

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