Diretor da NCST diz que Brasil tem a maior taxa de juros do mundo

No ato realizado em frente do Banco Central em São Paulo, na manhã de terça-
feira (20), Nailton Francisco de Souza (Porreta), diretor nacional de Relações
Sindicais da Nova central Sindical de Trabalhadores (NCST), afirmou que a taxa
de juro de 13,75% ao ano, imposta pelo Banco Central (BC), além de ser a maior
do mundo, prejudica o Brasil e todos brasileiros.
“Juros altos significa manter 9 milhões de trabalhadores (as) desempregados e 4
milhões de desalentados, além do exército dos subutilizados no mercado de
trabalho. A economia tem que estar a serviço do povo e não de banqueiros e
especuladores financeiros. O BC está na contramão do projeto escolhido na última
eleição que visa reconstruir o Brasil, distribuir renda, gerar empregos de
qualidade e tratar a calasse trabalhadora e povo com dignidade”, disse Nailton
Porreta.
Na opinião do sindicalista o bem estar da população passa em baixar os juros
abusivos do cartão de crédito que está em 320% ao ano, do crediário de 100% e
do crédito bancário pessoa física que está em 118%, o que provoca
inadimplência. E de que é preciso dialogar de forma simples com a população
brasileira e mostrar que se hoje 64 milhões de brasileiros se quer consegue pagar
suas dívidas, a culpa é dos juros escorchantes praticados pelo BC.
Nailton Porreta, comentou que todas as vezes que a classe trabalhadora e o povo
se mobilizam para acabar com as injustiças, ou quando se unem em uma luta na
busca de uma sociedade mais justa e melhores condições de trabalho, os
poderosos se sentem ameaçados e colocam todo aparato repressor para
combater eventuais avanços, sejam no campo trabalhista como em questões
institucionais.
“Temos uma tarefa muito grande para convencer a sociedade e, principalmente,
cada trabalhador e trabalhadora nos seus locais de trabalho, de que precisaremos
do apoio deles para garantir as mudanças necessárias que possibilite fortalecer a
luta contra juros altos. A união nacional da classe trabalhadora devolverá o
protagonismo do sindicalismo que desde seu surgimento atua no fortalecimento
da democracia e na diminuição da degradação e miséria social, provocada pela
ganância dos poderosos”, resaltou.
Taxa Selic em 13,75% só beneficia os 10% mais ricos
De acordo com o economista e professor Ladislau Dowbor, a questão das taxas de
juros, das finanças em geral, é misteriosa para a maioria das pessoas. Mas o
resultado é simples: montou-se um grande dreno por meio da taxa Selic, da
tolerância da evasão fiscal, das renúncias fiscais, das isenções sobre lucros e
dividendos, da lei Kandir, da não aplicação do Imposto Territorial Rural (ITR), e
em particular das taxas de juros absurdas cobrados pelos bancos, sobre as
famílias e as empresas.
Sendo que elas juntas drenaram as políticas públicas (saúde, educação,
infraestruturas), a capacidade de compra das famílias (juros sobre pessoa física)
e a capacidade de investimento das empresas (juros sobre pessoa jurídica). E os
proveitos vão todos para o mesmo endereço, os bancos e outras corporações
financeiras, a chamada Faria Lima.
“O básico é o seguinte: quando rende mais o rentismo financeiro, ou seja, a
aplicação em títulos e diversos produtos financeiros, do que abrir uma empresa e
realizar um investimento produtivo, o dinheiro flui para onde rende mais: para

ganhos improdutivos. Um exemplo: quando o governo eleva a taxa básica de
juros (Selic) para 13,75%, este valor será pago pelo governo, aos detentores
privados dos títulos da dívida pública, basicamente os 10% mais ricos da
sociedade, usando os impostos que pagamos”, afirma o professor.
E que esses impostos, em vez de financiarem educação, saúde ou infraestruturas,
vão para os grandes grupos financeiros chamados de mercados. Ladislau
esclarece que o Estado não se endividou para construir escolas, por exemplo, ou
no Bolsa Família, pois 82% do aumento da dívida pública resultam de juros
acumulados.
“Sem nenhuma contribuição produtiva, esses grupos drenam anualmente, só
nesta modalidade, cerca de 700 bilhões de reais, ou seja, o equivalente a cerca
de 7% do PIB. Esses 7% do PIB podiam se transformar em investimentos
produtivos, mas para que um dono de fortuna vai arriscar no mercado real, se
pode ganhar 13,75% sem risco e sem esforço? Descontando a inflação, um ganho
líquido de 8,5%”, complementa Dowbor.

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