Duas prioridades sindicais para o desenvolvimento

Com o novo governo, está em construção no Brasil conjunto de
estratégias para o desenvolvimento nacional. Trata-se de conceber o
crescimento econômico de forma a produzir resultados socioambientais
que promovam boa qualidade de vida para todos e sustentabilidade

ambiental.

Clemente Ganz Lúcio*
Objetivo simples e claro que mobiliza inúmeros desafios e requer estratégias
complexas.
As centrais sindicais e suas entidades de base — sindicatos, federações e
confederações —, lançaram em abril de 2022 a Pauta da Classe Trabalhadora¹,
documento que reúne 63 diretrizes para o desenvolvimento brasileiro. Agora
trata-se de apresentá-las para o debate, visando construir acordos sociais e
formular estratégias para implementá-las.
A primeira prioridade é promover iniciativas que recoloquem o País em trajetória
de crescimento econômico virtuoso, o que implica plano que combine a
sustentação da atividade produtiva por meio do investimento, da inovação, do
incremento da produtividade e da agregação de valor com estratégias de geração
de empregos, crescimento dos salários e superação da pobreza e das
desigualdades.
A prioridade do crescimento exige a construção de entendimento político, fruto do
diálogo social, sobre o que deve ser feito e sobre as mudanças a serem
promovidas.
O desafio imediato é recolocar capacidade para o governo mobilizar e articular o
setor produtivo (capital e trabalho) em torno de projeto de desenvolvimento
econômico e social, gerando respostas imediatas aos problemas que as empresas
enfrentam.
O desafio urgente e imediato é romper com as armadilhas dos juros e spreads
altíssimos e das regras que travam os investimentos. É necessário fortalecer
medidas ousadas de curto prazo com componham plano de desenvolvimento que
articule e coordene projeto de desenvolvimento econômico e socioambiental para
o País, enunciando objetivos, estratégias e ações que orientarão as iniciativas
nesses próximos 4 anos.
Um plano direcionado para a produção e orientado pela indústria verde, pelo
investimento em infraestrutura econômica e social, pela difusão de tecnologia e
inovação, mobilizador dos vetores setoriais de expansão, que torne nossa
economia competitiva, leia-se com capacidade real de exportação. Esse plano
requer ambiente macroeconômico amigável ao crescimento sustentado no tempo
largo.
Como parte desse projeto, a segunda prioridade indicada a partir dos
trabalhadores é de sintonizar o sistema de relações de trabalho para que organize
o mundo do trabalho para essa nova dinâmica de produção, visando também à
geração de empregos de qualidade e o crescimento dos salários.
Além de estruturar a demanda interna, o sistema de relações de trabalho tem por
objetivo tratar de todas as questões relacionadas aos trabalhadores, em termos
de condições de trabalho, saúde e segurança, salários, benefícios e proteções.

Trata-se, pois, de sintonizar sistema que valorize e fortalece a negociação coletiva
em múltiplos âmbitos de negociação, realizada por entidades sindicais de ampla
base de representação e alta representatividade, capazes de celebrar convenções
e acordos coletivos que irão efetivamente reger as relações de trabalho.
Não se pode perder tempo. É urgente atuar. Não se pode ter medo. É urgente
enfrentar. Não se pode titubear. É urgente reunir força política e avançar. A hora
é agora!

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