Governo Lula dá pistas do que será a “neoindustrialização”

Boa parte das propostas foi apresentada e debatida, nos últimos meses, em

reuniões do CNDI

(Comitê Executivo do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial)
Prestes a completar o primeiro de seus quatro anos de mandato, o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva segue em busca de uma política industrial que estimule o
setor produtivo e o crescimento econômico. A estratégia, batizada de
“neoindustrialização”, ainda não saiu do papel, mas o governo começa a dar
pistas sobre as diretrizes dessa política.
Boa parte das propostas foi apresentada e debatida, nos últimos meses, em
reuniões do CNDI (Comitê Executivo do Conselho Nacional de Desenvolvimento
Industrial). Um dos impasses está na cobiça desmedida dos empresários da
indústria por incentivos fiscais e redução de direitos. Mas representantes do
governo acreditam na possibilidade de um acordo geral em semanas – talvez
dias.
É o caso do secretário nacional de Desenvolvimento Industrial, Inovação,
Comércio e Serviços, Uallace Moreira, que reconhece “controvérsias” e
“polêmicas” nas discussões, mas demonstra otimismo. “No final, há a
convergência pela neoindustrialização, que dará à indústria um protagonismo no
desenvolvimento econômico brasileiro”, declarou o gestor na saída da última
reunião do CNDI, no final de novembro.
Um dos consensos é que o governo vai criar um fundo com recursos voltados à
inovação, à indústria 4.0, à descarbonização e ao aumento da produtividade.
Conforme revelou uma fonte do CNDI ao Valor Econômico, esse financiamento
será inspirado no FNDCT (Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico).
Os créditos serão oferecidos por instituições federais, como o BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), a Embrapii (Empresa Brasileira
de Pesquisa e Inovação Industrial) e a Finep (Financiadora de Estudos e
Projetos). Todos os créditos ligados à neoindustrialização terão taxas menores ao
setor produtivo.
O CNDI é composto por 21 ministérios e órgãos federais, além de 21
representantes da sociedade civil, entre entidades industriais e trabalhistas. Nos
debates, a CNI (Confederação Nacional da Indústria) apresentou o Plano de
Retomada da Indústria, baseado em quatro eixos: descarbonização da economia;
transformação digital; saúde e segurança sanitária; defesa e segurança nacional.
Outro vetor é o fortalecimento da agroindústria, conforme o deputado federal
Heitor Schuch (PSB-RS), presidente da Comissão de Indústria, Comércio e
Serviços da Câmara dos Deputados. “Precisamos de uma política industrial que
promova agregação de valor à produção agrícola brasileira, a fim de promover as
agroindústrias”, afirma o parlamentar. Segundo ele, é preciso valorizar desde
“empreendedores rurais familiares até as grandes indústrias de transformação de
toda a cadeia produtiva do agronegócio.”
O movimento sindical também terá papel nas deliberações. Neste mês, a CTB
(Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil) lançará uma nota técnica
sobre a necessidade de reindustrialização do País. O documento, elaborado pelo
economista Diogo Santos, terá como título “Política Industrial a Serviço de uma
Estratégia Nacional de Desenvolvimento para o Brasil”.

Fonte: Portal Vermelho

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