Mercadante defende queda dos juros e Luiza Trajano cobra Campos Neto

Presidente do BNDES é aplaudido na Fiesp ao defender corte na Selic,
já Trajano, da Magazine Luiza, cobrou presidente do BC em evento;
reunião do Copom se aproxima.

Nos dias 20 e 21 de junho, o Copom (Comitê de Política Monetária), do
Banco Central (BC), se reúne para deliberar a taxa de juros (Selic). A
proximidade da reunião, já na próxima semana, tem feito com que as
manifestações pela queda dos juros se intensifiquem, ainda mais com
a  desaceleração da inflação registrada nos últimos meses.
O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social (BNDES), Aloizio Mercadante, durante seminário na Federação
das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), na segunda-feira (12),
pediu uma salva de palmas para o presidente do BC, Roberto Campos
Neto, ao dizer que ele certamente tomará uma decisão pelo Brasil, o que
indica uma sugestão de corte nos juros.
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A fala foi apoiada pelo empresariado e industriais presentes. Na saída do
evento, aos jornalistas, Mercadante disse que não compete a ele dizer
algo sobre a decisão do Copom, no entanto explicou que o pedido de
palmas para Neto era para, quem sabe, “ajudar isso rápido [a queda dos
juros]”.
Ainda na segunda, a presidente do Conselho de Administração do
Magazine Luiza, Luiza Trajano, também cobrou Campos Neto pela
redução dos juros e a cobrança foi feita cara a cara.
Ambos participaram do evento do Instituto para o Desenvolvimento do
Varejo, em São Paulo. Trajano deixou claro a situação calamitosa que o
juros em 13,75% a.a. mantido por um longo tempo pelo BC tem causado
ao país.
“A nossa realidade é diferente, o varejo puxa tudo, a indústria, a
produção. Estamos tendo excesso de produto, as indústrias não têm
onde colocar, nem sempre esse remédio amargo também resolveu a
inflação. Já tivemos muito remédio amargo, se estou defendendo é pela
pequena e média empresa. Queria pedir, por favor, para dar um sinal de
que vai baixar esses juros”, afirmou Trajano.
O presidente do BC se defendeu ao dizer que é apenas um voto entre os
nove do Copom, respaldou as decisões técnicas e voltou a justificar os
juros altos pelo controle da inflação.
Trajano rebateu a fala separando bem as coisas: “Uma coisa é, dentro de
uma sala, a gente pensar tecnicamente, acho muito bom, mas outra

coisa é a realidade. Sem um sinal, não vamos aguentar, quantas lojas
aqui já foram fechadas? Queria te pedir, em nome dos brasileiros, para
dar um sinal —e não é de 0,25 ponto, precisamos de mais”, disse.
Neto revelou que espera voltar no mesmo evento em 2024 e acredita que
todos irão olhar em retrospecto e ver que as decisões foram positivas.
A fala mais uma vez foi rebatida por Trajano: “Vai ter muita gente
quebrada até lá!”, disse ao entender que se os juros continuarem em alto
patamar as empresas podem quebrar em massa.

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