O inferno astral de Bolsonaro é o fim do foro privilegiado em janeiro

As investigações contra o atual mandatário no STF podem seguir para a primeira

instância onde ele estará sujeito a ser condenado

Bolsonaro submergiu no cenário político. Desde a derrota no segundo turno
buscou amparo para uma possível resistência golpista. Contudo, levou um não de
seus aliados mais próximos e de integrantes do Alto Comando Militar. Sem apoio
político e depois de 40 horas em silêncio, restou a ele um discurso fora do eixo e
cheio de ressentimentos.
Logo depois do pronunciamento, o presidente derrotado seguiu para o Supremo
Tribunal Federal (STF) onde reuniu com ministros. De acordo com o site Poder
360, Edson Fachin disse que ouviu dele que “acabou” e era preciso “olhar para
frente”.
A reunião com os ministros tem uma forte conotação. Isso porque Bolsonaro
estaria preocupado com o fim do seu foro privilegiado, em janeiro, após 30 anos
exercendo cargo público.
Ou seja, as diversas investigações contra ele podem ir para a primeira instância
como regra geral. Mas em algumas situações o foro especial fica mantido no STF
caso envolva outras pessoas com foro.
No STF estão abertos cinco inquéritos contra Bolsonaro. São eles: interferência na
Polícia Federal (PF); fake news; milícias digitais; vazamento de inquérito sobre
ataques ao TSE; e associação da vacina contra Covid a Aids.
No TSE, desde agosto de 2021, foi aberto um inquérito administrativo próprio
para apurar ataques ao sistema eleitoral brasileiro. Nesse caso, as investigações
podem resultar na inelegibilidade dele por oito anos.
Além disso, encontra-se no TSE uma representação contra o presidente por
incitar a violência política, movida por ocasião da morte do tesoureiro do PT em
Foz do Iguaçu (PR), Marcelo Arruda.
Sigilo
No curto prazo, outro problema também a ser enfrentado será o “revogaço”
prometido por Lula sobre o sigilo de 100 anos imposto por Bolsonaro sobre suas
ações e de familiares.
“Ele está com medo porque todas as denúncias que aparecem contra ele, ele
transforma em sigilo de 100 anos. Nós queremos saber o que que ele está
escondendo”, disse em campanha o presidente eleito.
De acordo com levantamento da equipe de Lula, um dos alvos será derrubar o
sigilo sobre os gastos no cartão corporativo do atual mandatário. “Ele bate
recordes de gastos no cartão corporativo desde que assumiu a presidência da
República, em 2019. Ao todo, já foram gastos mais de R$ 50 milhões”, destacam.
“O presidente também mantém acobertada sua agenda oficial. Via Lei de Acesso
Informação, barrou dados sobre o fluxo de entradas e saídas dos pastores
envolvidos nos escândalos de corrupção do MEC (Ministério da Educação) ao
Palácio do Planalto”, observam.
Portanto, o cenário não é bom para Bolsonaro. Enquanto vê Lula sepultando suas

alianças e ocupado espaço político no cenário nacional e internacional, restou ao
presidente derrotado negociar como o PL o cargo de presidente de honra da sigla
para não ficar desempregado.

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