Pesquisa reafirma que grande maioria dos mortos pela polícia é de negros

Nos sete estados acompanhados, a polícia matou, em 2021, 3.290
pessoas, das quais 2.154 eram negras. Bahia tem o pior índice: 98%

dessas mortes são de pretos e pardos

Às vésperas do dia da Consciência Negra, a divulgação de pesquisa
realizada pela Rede de Observatórios de Segurança Pública evidencia,
mais uma vez, o alto grau de letalidade do racismo institucional nas

estruturas policiais. Em 2021, esses agentes mataram 3.290 pessoas
nos sete estados acompanhados; dessas, 2.154 eram negras — ou seja,
ao menos cinco pessoas negras foram mortas por policiais por dia.
O pior índice está na Bahia, onde 98% do total de mortos (1.013) são
pretos ou pardos. Isso equivale a uma pessoa negra tendo a vida
arrancada a cada 24 horas por agentes do aparato estatal. Na capital,
Salvador, de todos os óbitos desse tipo registrados, apenas uma pessoa
não era negra.
O Rio de Janeiro é o segundo colocado, com 87%, mas é o primeiro em
números absolutos com 1.060 mortes de um total de 1.356. A cada nove
horas, portanto, a polícia do estado mata uma pessoa negra.
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policial do que brancos
O estudo aponta que o estado de São Paulo “tem experimentado
reduções seguidas nos números de letalidade policial nos últimos meses.
O uso de câmeras nos uniformes dos agentes fez os números de mortes
provocadas por esses profissionais despencarem, mas a cor dos mortos
seguiu inalterada: 69% eram negros. Uma pessoa negra é morta a cada
72 horas”. A Rede tem observatórios na Bahia, Ceará, Maranhão,
Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro e São Paulo, estados que compõem
o levantamento.
De acordo com Silvia Ramos, coordenadora da Rede, “pode não ser
surpreendente, porque os dados se alteram pouco a cada ano, mas não
deixa de ser chocante ver registrado, mais uma vez, uma distribuição
racial tão radical de algum fenômeno social no Brasil. A pergunta é: o
que precisa ser feito para as polícias entenderem que o racismo é um
mal que afeta suas corporações e que precisa ser combatido?”.
O estudo lembra que a polícia “é a mão visível e fardada do Estado na
esquina. Altamente racializada, é o elo inicial do sistema de justiça
criminal, o primeiro mecanismo que está em contato direto com todos os
cidadãos, independentemente de estarem envolvidos em ocorrências
como vítimas ou agressores. Esses policiais saem às ruas instruídos a
buscar elementos suspeitos, focalizando bairros negros e jovens negros,
em geral com o álibi de apreender drogas. São nessas operações que
ocorrem a maioria das mortes provocadas por essas corporações”.

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