PRF escalou agentes de folga para atuarem em redutos de Lula no 2º turno

No segundo turno, efetivo da PRF foi ampliado e usado para blitze em
locais onde Lula havia tido maior votação no primeiro turno; operações

custaram R$ 1,3 milhão

Um novo elemento reforça que a Polícia Rodoviária Federal (PRF) pode
ter sido usada com interesses político-eleitorais durante o governo de
Jair Bolsonaro (PL) para tentar prejudicar o então candidato Luiz Inácio
Lula da Silva (PT) no pleito do ano passado. No dia do segundo turno, 30
de outubro, a corporação escalou mais agentes de folga para atuar
em blitze nos estados onde Lula havia vencido Bolsonaro no primeiro
turno, a um custo de R$ 1,3 milhão.
A informação foi publicada pelo site UOL nesta segunda-feira (17).
Segundo a apuração, esse efetivo adicional — que recebeu hora-extra
do poder público para exercer o trabalho — foi direcionado sobretudo a
estados das regiões Norte e Nordeste onde Lula havia saído vitorioso no
primeiro turno.
Na comparação entre os dois turnos, estados como Amazonas, Pará,
Amapá, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco,
Paraíba, Alagoas e Sergipe, além de Minas, um dos mais importantes
para garantir a vitória em eleição presidencial, tiveram um aumento de
mais de 100% em seu efetivo no segundo turno. O maior salto foi
registrado no Maranhão: 204,55%.
Os dois estados que concentraram maiores gastos foram Minas Gerais,
que teve alta de efetivo de 108,51%, com R$ 107 mil. A Bahia, um dos
locais onde Lula obteve maior votação, vem em segundo lugar, com
gastos de R$ 93,6 mil e aumento de 80% no número de agentes. A
operação teve um custo total de R$ 1,3 milhão aos cofres públicos.
As investidas da PRF, que então era comandada pelo bolsonarista
Silvinei Vasques, acabaram resultando em atraso na chegada dos
eleitores aos locais de votação.
Segundo aponta o UOL, “a PRF diz que os policiais foram empenhados
com base em análise técnica e que 65% dos crimes eleitorais no primeiro
turno aconteceram nessas duas regiões”.
Os bloqueios foram contestados pelo Tribunal Superior Eleitoral à época.
Na véspera do segundo turno, o  TSE havia proibido operações  que
pudessem atrapalhar os eleitores de chegarem aos locais de votação.
Parte das investigações foram arquivadas pela Corregedoria da PRF.
Ainda de acordo com o UOL, o corregedor Wendel Benevides Matos foi
dispensado pela Casa Civil no começo de abril devido à hipótese de
poder haver alguma influência nas decisões de futuras investigações
sobre a gestão anterior do órgão.

Devido às operações, o ex-diretor da PRF Silvinei Marques virou réu por
improbidade administrativo; ele foi demitido do cargo em dezembro
passado.
O ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, havia viajado à Bahia dias
antes das eleições e está sob investigação da Polícia Federal que apura
sua possível ligação com as operações. Ele está preso por determinação
do ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, por
indícios de omissão nos atos golpistas do dia 8 de janeiro, quando já
havia deixado o MJ e assumido a secretaria de Segurança Pública do
Distrito Federal.

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