Acordo de US$ 1,3 bi entre BNDES e China prioriza economia verde e infraestrutura

O destaque à agenda de sustentabilidade e transição energética não
exclui a aplicação de recursos em saneamento, petróleo e gás,

agricultura e mineração, entre outros.

O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, fez parte da comitiva à China.

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o
China Development Bank (CDB), instituição de fomento do país asiático,
assinaram acordo para captação de até US$ 1,3 bilhão para
investimentos no Brasil. De acordo com o BNDES, os recursos poderão

ser destinados a setores como saneamento, manufatura e alta
tecnologia, além de contribuir para reforçar o comércio bilateral entre
Brasil e China.
De Pequim, os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da
China, Xi Jinping, também firmaram 15 acordos comerciais e de parceria
envolvendo o governo brasileiro e o chinês. O acordo entre BNDES e
CDB formalizam financeiramente parte das parcerias anunciadas.
Os chefes de Estado estiveram presentes em cerimônia para a
assinatura de termos que incluem a cooperação do aprimoramento
tecnológico, intercâmbio de conteúdos de comunicação e a expansão
das relações comerciais entre os dois países. Com isso, os ministérios
de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Desenvolvimento, Indústria,
Comércio e Serviços (MDICs) e Comunicações (MCOM) foram os que
englobaram mais parcerias.

Emprego e renda
Segundo o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, o objetivo é
aprofundar as relações com o banco chinês do ponto de vista do
financiamento, para acelerar os investimentos em setores estratégicos
como transição energética, mobilidade urbana e infraestrutura. A China é
o maior parceiro comercial do Brasil e lidera o fluxo de investimentos
estrangeiros diretos no país.
Em fevereiro, Mercadante tomou posse como presidente do banco
brasileiro prometendo fomento às exportações e uma agenda de apoio à
“nova indústria”, economia verde e infraestrutura, sem repetir o “padrão
de subsídios” do passado.
“Esse acordo com o CDB é resultado da volta do protagonismo do Brasil
no mundo. Um país respeitado internacionalmente abre mais
oportunidades de captação e de diversificação das fontes de recursos
para o BNDES, gerando, futuramente, mais emprego e mais renda em
nosso país”, declarou Mercadante.

Longo e curto prazos
O acordo estabelece condições gerais que serão detalhadas em outros
dois documentos. O primeiro prevê US$ 800 milhões para investimentos

de longo prazo, com até dez anos, e outro de US$ 500 milhões para
aplicações de curto prazo, de três anos.
Em comunicado, o BNDES explicou que a linha de longo prazo terá
como foco o financiamento de projetos de infraestrutura, energia,
manufatura, petróleo e gás, agricultura, mineração, saneamento, agenda
ASG (ambiental, social de governança), mudança climática e
desenvolvimento verde, prevenção a epidemias, economia digital, alta
tecnologia, gestão municipal e outros segmentos no Brasil.
Segundo Mercadante, esses investimentos de longo prazo costumam ser
um gargalo para o desenvolvimento do país, por isso a ideia é que a
maior parte dos recursos tenham esse foco.
Já na linha de curto prazo, o montante será utilizado como parte do
orçamento de investimentos do BNDES, podendo apoiar, por exemplo,
operações que promovam o comércio bilateral entre China e Brasil. “Os
clientes destas linhas de financiamento são potencialmente empresas
privadas e entes públicos, que demandem crédito ao BNDES para apoio
a investimentos nos segmentos mencionados, nas condições previstas
nas políticas operacionais do BNDES”, diz o comunicado.

Economia verde
Segundo o BNDES, o relacionamento entre os dois bancos teve início
em 2007, quando foi negociado o financiamento para construção do
Gasoduto Sudeste-Nordeste. Na ocasião, foi firmado contrato de
empréstimo externo formalizando a captação de recursos, pelo BNDES,
no valor de US$ 750 milhões.
Um levantamento global da consultoria McKinsey, mostra que o
investimento em economia verde tem se multiplicado exponencialmente
em todo o mundo. De 2019 até o final de 2022, investidores de ações do
mercado privado triplicaram os ativos globais relacionados a
sustentabilidade ambiental, social e governança (ESG), passando de
US$ 90 bilhões para mais de US$ 270 bilhões.
Energia foi a maior destinatária dos investimentos de capital orientados
para o clima, absorvendo cerca de 50% do volume implantado de 2019 a
2022. O capital mais que dobrou, de US$ 40 bilhões para US$ 100
bilhões, impulsionado por projetos renováveis em larga escala.

O transporte ficou em segundo lugar, com aumento de 370% durante o
período, de US$ 6 bilhões para US$ 30 bilhões com investimentos
focados no mercado de veículos elétricos.

Projetos de hidrogênio e gestão de carbono – as duas tecnologias
emergentes – receberam, cada, 3% do total de investimentos de capital
do mercado privado com foco no clima em 2022. Foram os que
registraram o crescimento mais significativo nos fluxos de investimento
desde 2019: 460% para o hidrogênio (de menos de US$ 1 bilhão a US$ 5
bilhões) e 1.400% para carbono (de menos de US$ 500 milhões para
US$ 7 bilhões).
Os investimentos em energias renováveis alcançaram os combustíveis
fósseis em 2022. Dados da BloombergNEF mostram que o volume de
recursos canalizados para a indústria de combustíveis fósseis e para a
geração de energia a partir de petróleo, gás e carvão foi de US$ 1,1
trilhão no ano passado.
Da mesma forma, o investimento em energia renovável, transporte
eletrificado e armazenamento de energia e outras tecnologias atingiu o
mesmo patamar, de US$ 1,1 trilhão.

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