Argentina: extrema-direita incentiva saques e caos antes da eleição

Turbulência nas ruas é estimulada pelo candidato reacionário a

presidente Javier Milei

A onda de saques em supermercados e lojas na Argentina é menos
espontânea do que parece. Apesar da crise econômica vivida pelo país
sul-americano, a turbulência nas ruas é incentivada pela extrema-direita,
em especial pelo candidato reacionário a presidente Javier Milei. Os atos
são estimulados até nas redes sociais de lideranças ultradireitistas.
Para Axel Kicillof, governador da província de Buenos Aires., “houve uma
campanha e uma preparação dos acontecimentos. Circularam nas redes
denúncias falsas de coisas que não estavam acontecendo”. O próprio
Milei usou sua conta no X (antigo Twitter) para comparar as cenas destes
dias com os saques de 2001, decorrentes do “corralito” (confisco
bancário). “É trágico voltar a ver, depois de 20 anos, as mesmas imagens
que víamos em 2001. Pobreza e saques são duas faces da mesma
moeda.”
De acordo com Gabriela Cerruti, porta-voz da Presidência, apoiadores de
Milei e da também presidenciável Patricia Bullrich estão por trás dos
ataques. “O clima nas redes sociais foi gerado por contas ligadas à A
Liberdade Avança (coligação de Milei) e a grupos de Bullrich. Havia
grupos de WhatsApp incentivando”, denunciou a porta-voz.
Em suas redes, Patricia Bullrich usou a crise para cobrar o governo. “Não
podemos ceder nem um milímetro ante os criminosos. Precisamos de
firmeza e de lei e ordem para sair desse inferno. Como sempre, diante de
uma situação trágica ou de desordem, o presidente Fernández e Cristina
Kirchner brilham por sua ausência”.
A afirmação, porém, não se sustenta. Os roubos coletivos começaram no
final de semana em estabelecimentos comerciais de cidades como
Córdoba e Mendoza. Desde o início, o governo Alberto Fernández afirma
que um dos objetivos desses atos é desgastar o peronismo a quase dois
meses das eleições presidenciais, marcadas para 22 de outubro. Mas a
repressão está em curso. Só em Córdoba, 20 pessoas foram presas pelo
saque de 12 lojas.
“Há detidos pela autoridade policial e judiciária – e muitos dos
organizadores são cidadãos que tinham antecedentes criminais. Não
vemos nisso uma reação social, mas fatos que merecem todo o peso da
lei”, relatou, na terça-feira (22), Agustín Rossi, chefe da Casa Civil. O
ministro da Segurança, Aníbal Fernández, concorda: “São atos
criminosos para trazer mais confusão e gerar conflitos. Não tem outra
coisa, não foram saques. Buscam provocar uma ação para chamar a
atenção.”
Desde terça, há registros de saques na capital, Buenos Aires, e na região
metropolitana. Autoridades locais contabilizaram, no dia, 94 prisões e
150 tentativas de saques. Em Moreno, na província de Buenos Aires,

cerca de 20 vândalos atearam fogo e depredaram o supermercado de
uma família de origem chinesa. Já no sul da Argentina, Neuquén e Río
Negro também viveram episódios criminosos do gênero.
Fonte: Vermelho

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