Bancários se opõem à abertura de agências aos sábados: ‘Exploração dos trabalhadores’

Prevista na chamada MP da Liberdade Econômica, medida é criticada por
sindicatos da categoria por piorar condições de trabalho e ir contra ao

determinado pela CLT

Propagandeada como necessária para a criação de empregos e a
desburocratização dos serviços, a Medida Provisória (MP) 881, também chamada
de MP da Liberdade Econômica, é mais uma “minirreforma trabalhista”, na
avaliação de dirigentes sindicais bancários. Aprovada pelo Senado na semana
passada, a MP autoriza, entre outros pontos, a abertura de agências bancárias
aos sábados. E isso, afirmam representantes da categoria, fere direitos garantidos
na convenção coletiva dos trabalhadores e a lei.
Presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo e Osasco, Ivone Silva avalia
que a MP é também contraditória. Em entrevista ao repórter Cosmo Silva, da
Rádio Brasil Atual, a presidenta destaca o artigo 224 da Consolidação das Leis do
Trabalho (CLT), que permite jornadas de seis horas diárias aos trabalhadores
bancários.
Dessa forma, mesmo com a revogação da Lei 4.178/1992, sobre o funcionamento
dos bancos, ratificada pelo Senado, a CLT proíbe a abertura das agências aos
sábados. “Tem uma contradição, porque eles revogaram uma lei, mas a gente
tem o artigo da CLT que ainda proíbe, e essa vai ser nossa grande discussão com
os bancos, porque nós já dissemos que somos contrários à abertura das agências
aos sábados”, ressalta Ivone.
O presidente do Sindicato dos Bancários do ABC, Belmiro Moreira, também
destaca sua oposição à MP. Para ele, a medida do governo Bolsonaro não deve
contribuir para a criação de empregos, ao contrário, irá explorar os trabalhadores.
“Se fosse para abrir aos sábados e criar empregos em um processo de negociação
com a representação dos trabalhadores, a gente aceita negociar. Agora, o que os
bancos vão fazer não é criar empregos. Muito pelo contrário, vão utilizar dos
trabalhadores, que já são poucos nas agências bancárias, para trabalhar aos
sábados”, critica.
Além de exploração, Ivone acrescenta que a medida piora as condições de
trabalho. A presidenta pondera que as novas tecnologias deveriam servir para
ajudar, mas, na verdade, elas estão sobrecarregando ainda mais o dia a dia dos
trabalhadores, ao invés de otimizar a jornada. “Agora eles falam que o problema
é que temos muita burocracia, que devemos tirá-la. E vem novamente um projeto
que era para desregulamentar e tornar mais fácil o que eles falam de liberdade
econômica. Colocam questões que já foram discutidas e retiradas da reforma
trabalhista e piora as leis para os trabalhadores”, contesta.
Na votação da MP 881 no Senado, apesar das polêmicas, os parlamentares
retiraram o ponto que previa o fim das restrições de trabalho aos domingos e
feriados. No entanto, conservaram partes do texto enviado pelo governo Jair
Bolsonaro, como o fim da necessidade de licenças e alvarás para negócios de
baixo risco, a proibição do abuso regulatório, como a criação de regras para a
reserva de mercado ou controle de preço. A MP aguarda agora sanção
presidencial.

Fonte: Rede Brasil Atual

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