BC desconsidera apelos da sociedade e mantém taxa de juros em 13,75%

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) manteve
a taxa de juros mesmo com pressão dos movimentos social, sindical e

estudantil

São Paulo (SP), 21/03/2023 – Centrais Sindicais protestam contra juros altos
em frente ao prédio do Banco Central, na Avenida Paulista.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC)
anunciou, nesta quarta-feira (22), que a taxa básica de juros, a taxa
Selic, será mantida em 13,75% ao ano – o que prejudica a retomada do
crescimento do país. Esta e a quinta vez consecutiva que a Selic é
mantida neste patamar.
É a segunda reunião do Comitê sob o governo Lula e foi marcada pela
pressão pela queda de juros, que não aconteceu.
Na terça-feira (21) entidades dos movimentos social, sindical e estudantil
promoveram atos em todo o Brasil exigindo a redução dos juros com o
denominado  “Dia de Luta por Juros Baixos! Fora Campos Neto”.
Roberto Campos Neto, presidente do BC, é um dos principais alvos das
manifestações, pela condução da política de juros e declarações que deu
que confrontaram os que pediam a redução. Ele era integrante de um
grupo de WhatsApp de ex-ministros de Bolsonaro.
No início da semana o presidente  Lula, que travou uma verdadeira
batalha de convencimento na mídia sobre a necessidade da redução da
Selic – e saiu vencedor  -, voltou a dizer que continuaria se
movimentando pela queda dos juros: “vou continuar batendo, tentando
brigar para que a gente possa reduzir a taxa de juros para que a
economia possa voltar a ter investimento”, falou em entrevista.
Durante uma conferência no Rio de Janeiro promovida pelo BNDES que
reuniu o vice-presidente Geraldo Alckmin, o presidente da Fiesp, Josué
Gomes, e economistas internacionais como Joseph Stiglitz e Jeffrey
Sachs, o assunto foi dominante e todos os citados foram unânimes
quanto ao corte de juros pelo Copom.
Algumas definições sobre a taxa de juros foram:  “pornográfica”, “nada
que justifique”, “chocante”, para “matar qualquer economia”.
Críticas à manutenção
“O Banco Central é independente. E se é independente, é independente
de quem? Não é independente dos agentes do mercado, por exemplo”,
criticou o jornalista Reinaldo Azevedo em seu programa “O É da Coisa”,
ao saber sobre a manutenção da taxa.
O jornalista Kennedy Alencar também falou nesse sentido: “Autonomia
do Banco Central é uma das piores heranças de Bolsonaro. O Brasil

entregou ao mercado o controle da política monetária, o que é um crime
no atual estágio civilizatório do país. O rentismo agradece o apoio quase
unânime da imprensa à maior taxa de juros real do planeta.”
No  comunicado do BC , é colocado: “O Comitê ressalta que, em seus
cenários para a inflação, permanecem fatores de risco em ambas as
direções. Entre os riscos de alta para o cenário inflacionário e as
expectativas de inflação, destacam-se (i) uma maior persistência das
pressões inflacionárias globais; (ii) a incerteza sobre o arcabouço fiscal e
seus impactos sobre as expectativas para a trajetória da dívida pública; e
(iii) uma desancoragem maior, ou mais duradoura, das expectativas de
inflação para prazos mais longos. Entre os riscos de baixa, ressaltam-se
(i) uma queda adicional dos preços das commodities internacionais em
moeda local; (ii) uma desaceleração da atividade econômica global mais
acentuada do que a projetada, em particular em função de condições
adversas no sistema financeiro global; e (iii) uma desaceleração na
concessão doméstica de crédito maior do que seria compatível com o
atual estágio do ciclo de política monetária.”
Com base no que foi colocado, entende-se que os membros do Copom
desconsideraram totalmente a  queda da inflação, o equilíbrio as contas
promovido pelo governo nos últimos meses e a construção do novo
arcabouço fiscal .
Em seu twitter, a Coordenadora Nacional da Auditoria Cidadã da Dívida,
Maria Lucia Fattorelli, criticou a medida e disse que o ministro da
Fazenda, Fernando Haddad, e a ministra do Planejamento, Simone
Tebet, não deveriam ter tanta boa vontade com o BC: “Banco Central
mantém taxa de juros Selic no patamar suicida de 13,75% aprofundando
a crise que nos assola! Haddad e Tebet não deveriam ter aprovado o
balanço do BC no CMN, exigindo explicações do mega-prejuízo de
quase R$300BI, apesar de ter recebido R$212BI do Tesouro.”
A Confederação Nacional da Indústria (CNI), em  comunicado , indicou
que a decisão do Copom é equivocada. Para a CNI, “a Selic em 13,75%
ao ano, por restringir a atividade econômica, está em nível acima do
necessário para garantir a manutenção da trajetória de desaceleração da
inflação nos próximos meses.” Ou seja, as críticas sobre a manutenção
da taxa de juros virão de todos os lados e Roberto Campos Neto deverá
vir à público novamente para se explicar.

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