Lula assume compromisso pela pacificação e prosperidade do Brasil

Em seu discurso, buscou sintetizar as ideias centrais de toda sua
campanha, como um modo de fechar o raciocínio central desta eleição.

“O Brasil precisa de união”

Lula discursa emocionado durante ato Brasil da Esperança com artistas
Após inúmeros depoimentos de apoio a sua candidatura, feitos por
artistas e intelectuais, o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva subiu ao
palco emocionado para falar a uma audiência presencial e remota. No
ato realizado pela Coligação Brasil da Esperança, que reuniu ainda
políticos, influenciadores, lideranças e movimentos sociais organizados,
no auditório do Anhembi em São Paulo, Lula afirma que seu primeiro
compromisso é trazer a paz de volta, a união, a prosperidade, o amor e a
esperança. Em seu discurso, buscou sintetizar as ideias centrais de toda
sua campanha, como um modo de fechar o raciocínio central desta
eleição.
O tom poético de muitas falas de artistas fez com que o candidato
presidencial tocasse na ferida aberta que se tornou a política no país,
desde Bolsonaro. Para ele, esta eleição pode por fim a uma guerra entre
famílias, amigos e vizinhos, ainda no primeiro turno. “Isso precisa acabar.
E quanto antes, melhor. (…) Somos um único país, uma grande nação.”
“Falamos a mesma língua, somos personagens da mesma história.
Amamos a mesma bandeira e o mesmo verde e amarelo”, disse,
pontuando o que há de comum entre todos os brasileiros. “O Brasil
precisa de união”.

Lula lembrou os que se perderam na covid e na violência urbana e não
podem participar desta decisão eleitoral. “Estamos aqui em nome
daqueles que não merecem nascer e viver entre as ruínas de um país
arrasado pelo ódio e pela desesperança”.
O candidato disse que, em vez de promessas, pretende firmar
compromissos com o Brasil. “Este é o meu primeiro compromisso com o
povo brasileiro: trazer de volta a paz, a união, a prosperidade, o amor e a
esperança”, afirmou, garantindo como aval o legado de seus governos.
Divergentes e antagônicos

Lula voltou a ressaltar o que tornou sua campanha mais forte, a
amplitude política. Para isso, voltou a mencionar sua disputa de anos
com Geraldo Alckmin, que agora é seu candidato a vice. “Muita gente
achou estranho, porque pensou que nós éramos inimigos. Fomos
adversários, e um dia nos sentamos para conversar, e chegamos à
conclusão de que devíamos nos unir em nome da pacificação e da
reconstrução do Brasil”.

Desde então, como menciona ele, a frente ampla cresce apenas três
partidos para dez, com adesões crescentes de forças políticas e até ex-
candidatos a presidente. Como mostra ele, a dimensão e amplitude dos
apoios é inédita na história do país, com o objetivo de dizer: “Basta de
tanto ódio, de tanta destruição, de tantas mentiras, de tanto sofrimento e

de tantas mortes. Vamos reconstruir o país que sonhamos e no qual
merecemos viver e criar nossos filhos”.
Voltou a referir-se aos 33 milhões de brasileiros que sofrem com a
insegurança alimentar, os 10 milhões desempregados e 39 milhões na
informalidade. Lembrou que, em seu governo, tirou 36 milhões da
extrema pobreza e criou 22 milhões de empregos formais. “Não há força
maior no mundo que a esperança de um povo que sabe que vai voltar a
ser feliz”, completou, se comprometendo em acabar com a fome.
Para ele, o atual governo é responsável pela volta da fome, desemprego
recorde, inflação descontrolada, preços abusivos dos alimentos, do gás e
da energia elétrica, destruição das políticas de inclusão, endividamento
das famílias e a violência política. “Todo esse sofrimento faz parte de
uma das páginas mais infelizes da nossa história”.

Lula continuou citando avanços econômicos de seus governos, que
elevaram o Brasil à sexta maior economia do mundo. Com isso, gerou
respeito internacional pelo protagonismo da política externa. “Esse tempo
vai voltar. E o Brasil será novamente um país soberano.”
Compromissos avalizados

Lula foi mencionando uma série de medidas que retomará de seus
governos anteriores, que foram desmontadas e causam problemas sérios
à economia do país. Mas também olha para a realidade do trabalho
atual, que mudou desde seus governos, citando os entregadores de
aplicativos.
Quer voltar a investir em infraestrutura de obras e moradia, que geram
uma cadeia de empregos e renda. Vai retomar a política de valorização
do salário-mínimo e atacar o endividamento das famílias e corrigir
distorções do imposto de renda.
Da mesma forma citou diversas medidas voltadas para universalização
do acesso à educação, desde a infância. Também quer garantir conexão
digital para todo brasileiro. “É inaceitável que num país da grandeza do
Brasil, o sonho da juventude seja ir embora para o exterior em busca de
oportunidades que hoje lhe são negadas”, lamentou.

Citou as políticas que pretende avançar na saúde pública. “Ninguém
mais morrerá por falta de vacina, de remédio e de oxigênio neste país”,
disse, referindo-se a episódios dramáticos do atual governo. Criticou
ainda o desvio de recursos dos medicamentos, do combate à violência
contra as mulheres, do tratamento para o câncer e da merenda das
crianças, para o orçamento secreto do Centrão.

Também atacou os seguidos decretos de sigilo nas contas públicas,
defendendo a transparência no governo. Assim, como pontuou os
problemas que vai resolver na Petrobras e no meio ambiente,
fortalecendo a empresa e recuperando os organismos fiscalizatórios.
Olhando para a multidão de artistas na sua frente, se comprometeu em
cuidar da cultura como patrimônio inestimável dos brasileiros. “A cultura
será tratada como um bem de primeira necessidade, porque ela alimenta
nossas almas. (…) Nós precisamos de música, cinema, teatro, dança,
artes plásticas. Nós precisamos de mais livros em vez de armas”.
Garanti mais uma vez recriar o Ministério da Cultura, para estimular o
setor como fonte de geração de emprego e renda. Assim como pretende
trazer de volta o Ministério da Igualdade Racial, o Ministério das
Mulheres e criar o Ministério dos Povos Originários. “Que fique bem
claro: não haverá garimpo ou qualquer atividade ilegal em área
indígena”.
Falta um tiquinho
Lula concluiu seu discurso fazendo um apelo ao diálogo para conquistar
o voto para a vitória no primeiro turno. “A democracia não é um pacto de
silêncio, mas barulhenta, porque nela ecoam muitas vozes”.
“Chego à reta final desta campanha feliz como poucas vezes na vida”,
testemunhou, citando a esperança que viu nessas semanas de
campanha por todo o país.
“Cabe a nós inaugurarmos um novo tempo. Um tempo de paz,
democracia, união, prosperidade, amor e esperança.”
O ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, disse que, quando
conversou com Lula sobre a composição da chapa, foi alertado de que
nenhuma campanha é fácil, mas que ele estava sendo convidado para
participar de uma das mais bonitas do Brasil.

“Não se faz campanha em cima de motocicleta ou jet-ski, mas sim de
maneira plural, ouvindo, interagindo, e eu estou muito feliz de estar aqui
com todos vocês. Se na primeira eleição de Lula e esperança venceu o
medo, agora ele vencerá o ódio, que é o mais importante”, revelou.
Os artistas e intelectuais presentes, como Paulo Miklos, Pablo Vittar,
Itamar Vieira Junior, Daniela Mercury, Gregório Duvivier e Silvio Almeida,
subiram ao palco para discursar pela democracia e contra o fascismo e o
autoritarismo. Figuras internacionais como Danny Glover, Mark Ruffalo e
Roger Waters também enviaram vídeos dizendo que Lula é o único nome
que pode proteger a Amazônia e combater o racismo. Dilma Rousseff,
quando anunciada nos microfones, foi ovacionada pela plateia.
Entre as centenas de personalidades, participaram Otto, Fabiana Cozza,
Marcelo Jeneci, Johnny Hooker, Silva, Duda Beat, Lukinhas, Grace
Passo, Mônica Martelli, Max B.O., Rogéria Holtz, Salgadinho, Tuyo,
Maíra, Maciel Melo, Família Quilombo, Pedro Serrano, Edson Leite e
Txai Suruí, Mariana Bopp, Ivan Baron e Thelminha. Chico Buarque,
Caetano Veloso e Gilberto Gil também enviaram vídeos em apoio, assim
como Djamila Ribeiro, Heloisa Sterling, Lilia Schwarz, Emicida e Gaby
Amarantos.

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