Lula critica “neocolonialismo verde” da União Europeia.

O presidente criticou medidas protecionistas de países europeus sob a desculpa da defesa ambiental

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira (22) que o Brasil não pode aceitar o que chamou de “neocolonialismo verde que impõe barreiras comerciais e medidas discriminatórias, sob o pretexto de proteger o meio ambiente”. A declaração foi feita durante a abertura do Fórum Empresarial do Brics – bloco composto por Rússia, Índia, China e
África do Sul, além do Brasil—, que ocorre em Joanesburgo.
Lula se refere à reação do parlamento francês ao acordo comercial do Brasil com a União Europeia, que para garantir protecionismo comercial para sua agricultura, alegou medidas ambientais que precisam ser cumpridas. O documento europeu prevê sanções econômicas ao Brasil caso o país não cumpra metas ambientais. Os franceses impedem, com isso, uma decisão favorável no Parlamento Europeu.
Com isso, o presidente brasileiro tem desmascarado o cinismo europeu que se apoia em supostas exigências ambientais para impedir o comércio justo com países em desenvolvimento, assim como os EUA fazem com o tema dos direitos humanos para invadir nações produtoras de petróleo. O Brasil é um dos países que menos polui no mundo, comparado às nações desenvolvidas. Lula rebateu as acusações europeias afirmando que “parceiros estratégicos não negociam com base em desconfiança e ameaça de sanções”.
Como prova de que a alegação não está baseada na realidade, Lula destacou a capacidade brasileira de gerar energia de fontes renováveis, além de ser um dos países que mais contribui para a política de descarbonização.
Lula disse que o Brasil passará a focar na transição energética por meio das ações previstas no Plano de Transformação Ecológica, contemplado no novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). “Também daremos prioridade à geração de energia solar, eólica, biomassa, etanol e biodiesel. É enorme o nosso potencial de produção de hidrogênio verde”, disse.
Diálogo com África
A declaração dialoga diretamente com o continente africano, que possui a segunda maior floresta tropical do mundo, nos Congos. Lula voltou a defender os interesses dos países com florestas, que são cobrados pela preservação, sem compensações. “Os serviços ambientais e ecossistêmicos que as florestas tropicais fornecem para o mundo devem ser remunerados de forma justa e equitativa”, acrescentou.
“Os produtos da sociobiodiversidade podem gerar emprego e renda e oferecer alternativas à exploração predatória de recursos naturais. Para que nossa integração econômica e produtiva floresça, será preciso ampliar as conexões entre os dois lados do Atlântico. Esses são os pilares do nosso Plano de Transformação Ecológica”, argumentou. Lula também celebrou a relação do Brasil com os países africanos ao apontar a África com suas “vastas oportunidades e enorme potencial de crescimento”. O presidente afirmou que é possível integrar as cadeias produtivas e agregar valor aos bens e serviços produzidos de forma sustentável nos dois continentes.
Por fim, ele defendeu a ampliação das conexões marítimas e aéreas entre os dois lados do Atlântico. Segundo o presidente há uma proposta do Conselho Empresarial dos BRICS para o estabelecimento de acordo multilateral de serviços aéreos do grupo.
O presidente brasileiro citou dados do FMI segundo os quais os países industrializados devem desacelerar seu crescimento de 2.7%, em 2022, para 1.4%, em 2024, ao passo que as nações em desenvolvimento têm previsão de crescer 4% neste ano e no próximo. “Isso mostra que o dinamismo da economia está no Sul Global e o BRICS é sua força motriz”.
Agenda africana
A cúpula do BRICS continua com duas reuniões de trabalho na quarta-feira (23) e uma outra, ampliada, na quinta (24). Após a participação na cúpula do BRICS, Lula segue para Angola, onde fará uma visita oficial até sábado (26). No domingo (27), ele participa da Cúpula de Chefes de Estado da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) em São Tomé e Príncipe, antes de retornar ao Brasil.
Fonte: vermelho

 

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *