Lula recebe apoios no PSD e reafirma pacto federativo desmontado por Bolsonaro

Lideranças do PSD criticam dificuldades de convênios com governo
Bolsonaro. Lula disse ser contra teto de gastos para cortes sociais

Lideranças do PSD declaram apoio a Lula no segundo turno
O ex-presidente Lula (PT) recebeu nesta quinta-feira (6), políticos do
PSD, como o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, e o senador
reeleito Otto Alencar, que representaram as bancadas de seus estados.
Lula também concedeu uma entrevista na qual reafirmou ser contra o
Teto de Gastos, uma das primeiras medidas impostas pelo governo
golpista de Michel Temer (MDB).
Alencar falou em nome de outros parlamentares da Bahia, que não
puderam participar. Ele disse ser programaticamente contra Jair
Bolsonaro. Criticou o negacionismo e o desmonte de programas que
existiam na Bahia. “Convivemos 200 anos com uma universidade federal
só e o senhor levou cinco universidades federais em oito anos, 32
escolas técnicas. Esse presidente discriminou o governador da Bahia,
muito bem avaliado, porque era petista”, criticou.
Eduardo Paes destaca os aspectos que ele considera que servem para
todos os prefeitos. De sua experiência com todos os presidentes, desde
Lula, é a primeira vez que não vai a Brasília para discutir recursos
federais para o Rio de Janeiro. “Há uma constante quebra do pacto
federativo, em que as benesses do governo federal são feitas em cima
dos municípios, dando isenções fiscais somente para impostos
partilhados pelos estados e municípios”, afirmou, criticando a dificuldade
de repasses na saúde. Como o senador Otto Alencar, ele criticou a total
ausência de obras do governo Bolsonaro em seu estado.
Outros parlamentares do PSD reafirmaram as dificuldades com
Bolsonaro, como no caso do Amazonas, em que o governador era aliado
de Bolsonaro, mesmo assim, “ninguém foi tão cruel com a Zona Franca
de Manaus”. Em defesa da democracia, falaram ainda representantes do
Mato Grosso do Sul e de Minas Gerais, apelando para que Gilberto
Kassab também estivesse ali, naquele momento da história.
Relação republicana
Lula falou das grandes obras hidrelétricas e linhas de transmissão que
realizava ao mesmo tempo, pelo Programa de Aceleração do
Crescimento (PAC), enquanto realizava as Olimpíadas e a Copa do
Mundo. Ele lembrou estes momentos otimistas da economia brasileira,
ao lado de Eduardo Paes, com quem esteve em Copenhagen para
disputar estes eventos esportivos.
Lula reafirmou sua crítica a Bolsonaro por menosprezar o voto
nordestino, por ser majoritariamente para Lula. Ele disse que as
periferias são analfabetas porque interessa as elites mante-la na
ignorância. “Ironicamente, foi um presidente sem diploma universitário

que mais fez pela educação no Brasil”, falou, citando a rede federal de
educação que ampliou.
Perguntado, na entrevista, sobre responsabilidade fiscal, Lula afirmou
que isso “não tem que estar na lei, tem que estar na responsabilidade do
dirigente”, pois “todo mundo sabe que não pode gastar mais do que
recebe”. “Todo mundo que sabe que, se tiver que fazer uma dívida para
construir um ativo novo, pode fazer dívida porque esse próprio ativo se
paga”, continuou.
Lula lembrou que assumiu o Brasil quebrado em 2003, mas que ele
reduziu a dívida pública, pagou a dívida e emprestou dinheiro para o FMI,
e foi o único país do G20 que governou com superávit primário entre
2003 e 2010.
“Sou contra teto de gastos”, afirmou. “O que se fez foi evitar
investimentos em educação, na saúde, no SUS, para garantir dinheiro
para os banqueiros. E quero garantir o dinheiro da política social, do
arroz, do feijão, da carne, da cebola, do tomate, do litro de leite. Por isso,
vamos ter muita responsabilidade fiscal, social e com o Brasil”, destacou.
Lula também disse que não precisa ficar fazendo carta com sinalizações
aos evangélicos e ao agronegócio. “Basta comparar o que eu fiz e o que
ele fez por estes segmentos”, resumiu. “Temos programa de governo e
um legado para isso”.
Foi enfático ao dizer que não pode antecipar ministro para acalmar o
mercado, ao dizer que nunca pediram isso, em outras disputas, porque
sabem que é um erro. Para ele, indicar um economista significa perder o
apoio de cem outros.
Lula terminou falando do Desenrola, o programa para desobstruir a
possibilidade das famílias devedoras voltarem a ser consumidoras. O
tema foi motivado pela decisão de Bolsonaro assumir medida
semelhante a essa bandeira da campanha de Lula.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *