Marisa anuncia que fechará 91 lojas em meio a endividamento

Empresa já fechou 61 lojas desde dezembro, e reage a pedidos de
falência por credores. Apesar disso, não apresenta indício de fraude
contábil como a Americanas.

A Marisa anunciou que vai fechar 91 lojas como parte de um plano de
recuperação da geração de caixa e rentabilidade da empresa. Segundo a
administração, as unidades são consideradas deficitárias. Até dezembro,
havia 344 lojas e a meta é chegar ao final de 2023 com 253, sendo que
61 já foram fechadas até maio. Este ano ainda falta fechar 40 outras.
O objetivo é fazer um movimento para tentar recuperar sua capacidade
de gerar caixa — ou seja, voltar a ter recursos disponíveis para

investimentos e para sua operação — e para voltar a ser rentável. Uma
situação que não é recente.
Entre os fatores elencados pela empresa para as medidas de
recuperação estão o cenário macroeconômico adverso, com juros altos
acompanhados de inflação, as importações ilegais sem a devida
tributação, aumento dos custos de frete, além de efeitos da pandemia,
inadimplência alta e queda da renda da classe média, seu público alvo.
“Estamos acompanhando de perto a evolução das iniciativas do governo
federal para o setor de varejo no Brasil, que objetivam coibir a
concorrência desleal e reestabelecer a isonomia tributária”, diz
o  comunicado  assinado por João Pinheiro Nogueira Batista, diretor-
presidente da Marisa.

Na semana passada, credores como MGM Comércio de Acessório de
Modas, Oneflip Indústria e Comércio e Plasútil Indústria e Comércios de
Plásticos solicitaram a falência da Marisa em ações que tramitam no
Tribunal de Justiça de São Paulo. A varejista enfrenta uma grave crise
financeira e, desde o ano passado, está renegociando dívidas com
bancos.
Outra varejista de dimensões ainda maiores que tem passado por
reestruturações e já teve julgamento de processos de falência foi a Lojas
Americanas. No entanto, diferente daquele caso, a Marisa não apresenta
qualquer indício de estar fraudando relatórios contábeis e seu
endividamento é dez vezes menor. A Americanas dos empresários Jorge
Lemann, Marcell Telles e Beto Sicupira começou 2023 mergulhada neste
gigantesco escândalo contábil.
Apesar desta descendente de faturamento e ascendente de prejuízos vir
de longa data, somente em 2016 a família Goldfarb, fundadora da rede,
deixou a gestão da empresa para dar lugar a um executivo de mercado.
Essa demora na reação da empresa levou as ações da Marisa a cair dos
R$ 27, em 2013, para menos de R$ 1 agora.

Em mensagem enviada aos acionistas, a empresa informou que 25 lojas
já foram fechadas entre março e abril. Outras 26 serão encerradas ao
longo de maio. Nos últimos cinco meses, a empresa enfrentou a renúncia
de cinco executivos da alta cúpula da empresa, contratou assessores

externos e anunciou emissões de debêntures (títulos de dívida) e a
venda de direitos creditórios (direitos aos créditos que a companhia tem
a receber).
A Marisa também afirma que renegociou dívidas com 90% dos
fornecedores e 65% dos proprietários de imóveis. A varejista tem dívida
líquida na casa dos R$ 461 milhões, segundo o balanço do 1º trimestre.
A companhia avalia que teve crescimento na receita líquida neste início
de ano, em comparação com o início de 2022, alcançando R$ 440,5
milhões. A empresa disse que teve melhor desempenho nas vendas em
lojas de rua, mesmo com o fechamento de 14 lojas entre dezembro e
março.
Por outro lado, a varejista tem faturado 32,5% menos nas lojas
eletrônicas. Houve redução de receita também na operação do MBank,
que representa grande parte do endividamento. Por fim, o CPV (custo de
produto vendido) subiu 4% e as despesas operacionais caíram pouco,
4,5%.
O resultado final foi um prejuízo líquido de R$ 148,9 milhões, um
aumento de 64,2% na comparação com o mesmo trimestre de 2022.
Foram fechadas 26 lojas de shopping centers, e 35 de rua. Nove foram
fechadas na região Sul do país (quatro no RS e 5 no PR), sete no
Nordeste (5 no CE, uma na PB e uma no RN), 44 no Sudeste (29 em SP,
13 no RJ, uma em MG e outra no ES), uma em Parauapebas (PA) e uma
em Anápolis (GO).

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