“Ouvindo todos”, Lula quer ampliar renda e direitos dos trabalhadores

Participaram do encontro com Lula sindicalistas de dez centrais: CUT,
Força Sindical, UGT, CTB, NCST, CSB, Intersindical – Central da Classe
Trabalhadora, Pública, Conlutas e Intersindical – Instrumento de Luta

O movimento sindical espera que o governo do presidente eleito, Luiz
Inácio Lula da Silva (PT), enfrente os retrocessos da reforma trabalhista.
Em reunião com Lula na manhã desta quinta-feira (1º), no Centro
Cultural Banco do Brasil (CCBB), em Brasília, representantes das
centrais sindicais também cobraram políticas emergenciais de geração
de emprego e renda, além de maior participação dos trabalhadores no
Sistema S e em conselhos federais.
“Vamos construir um Brasil com mais direitos e dignidade para
trabalhadores”, afirmou Lula aos sindicalistas. “Vamos gerar empregos e
estimular novos mercados. E vamos fazer isso ouvindo todos.”
A postura do presidente eleito recebeu elogios. “Foi uma reunião muito
boa”, disse ao Vermelho Ricardo Patah, presidente do Sindicato dos
Comerciários de São Paulo e da UGT (União Geral dos Trabalhadores).
“Manifestamos ao Lula nossa preocupação em ampliar participação do
trabalhador no governo e levantamos propostas que consideramos
fundamentais.”
Segundo Assis Melo, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias
do Sul e da Fitmetal (Federação Interestadual de Metalúrgicos e
Metalúrgicas do Brasil), Lula reafirmou, na reunião, os “compromisso
assumidos” na campanha eleitoral de 2022. “Para os trabalhadores e
para as centrais, o recado que fica é que vai ser um governo de diálogo –
um governo que ouve e respeita os movimentos sociais”, destacou Assis
ao Vermelho.
Os sindicalistas aplaudiram a decisão de Lula de, já no primeiro mês de
mandato, retomar a política de valorização do salário mínimo. Com o
rombo orçamentário deixado pelo governo Jair Bolsonaro (PL), ainda não
é possível definir o valor exato do mínimo a partir de janeiro. Mas, pela
primeira vez desde 2015, haverá reajuste real. “A ideia é que, nos
próximos anos, o governo vá recuperando, gradualmente, as perdas”, diz
Patah.
Lula também anunciou que seu governo vai corrigir a tabela do IRPF
(Imposto de Renda da Pessoa Física). “Há uma defasagem a ser
corrigida. Quem recebe dois salários mínimos já paga imposto de renda”,
lembra Assis. Hoje, apenas trabalhadores que ganham até R$ 1.903,98
por mês estão isentos. A tabela não é atualizada desde 2015.
Reforma trabalhista
Um dos temas mais importantes da reunião foi a revisão da reforma
trabalhista, que está em vigor desde 2017, quando foi sancionada pelo
governo Michel Temer (MDB). Os sindicalistas reivindicaram a Lula

mudanças na lei, como a volta da homologação nos sindicatos, a
ultratividade e o fim do modelo atual de trabalho intermitente.
As centrais e o presidente eleito também debateram o custeio do
movimento sindical. A proposta mais consensual é a de formalizar a
contribuição negocial solidária, a ser aprovada em assembleia quando os
sindicatos celebrarem convenções ou acordos coletivos. “Vamos ter que
convencer a Câmara dos Deputados de que as finanças dos sindicatos
serão decididas pelos trabalhadores em assembleia livre e soberana”,
afirmou Lula.
Para Adilson Araújo, presidente da CTB (Central dos Trabalhadores e
Trabalhadoras do Brasil), “a classe trabalhadora foi severamente atacada
com as reformas dos governos Temer e Bolsonaro. Dizer que não
queremos a garantia da sustentação material das entidades é repetir a
cantilena do mercado e dos empresários – que trabalham para quebrar a
espinha dorsal do movimento sindical”.
As centrais reforçaram a ideia de que o Trabalho e a Previdência Social,
hoje partes de um mesmo ministério, voltem a ser desmembrados. Além
disso, diante das transformações no mundo do trabalho – como a
Revolução 4.0 e o avanço da “uberização” –, há um consenso de que é
preciso fortalecer o Ministério do Trabalho.
Os sindicalistas cobraram, ainda, uma gestão mais democrática – e até
paritária – em instâncias como o Condefat (Conselho Deliberativo do
Fundo de Amparo ao Trabalhador), além da reativação de conselhos que
foram esvaziados nos governos Temer e Bolsonaro. Outro pedido é por
um novo desenho do Sistema S, com mais participação do trabalhador,
para que os serviços prestados atendam, cada vez mais, às demandas
das categorias.
Participaram do encontro sindicalistas de dez centrais: CUT, Força
Sindical, UGT, CTB, NCST, CSB, Intersindical – Central da Classe
Trabalhadora, Pública, Conlutas e Intersindical – Instrumento de Luta. A
reunião também contou com a presença de dirigentes de sindicatos,
federações e confederações.

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