Pesadelo de Bolsonaro é perder a eleição e ser preso”, diz jornalista

As ações cada vez mais imprevisíveis de Jair Bolsonaro são motivadas pelo temor crescente que o presidente tem de ser investigado e condenado caso perca as eleições presidenciais de 2022 e deixe o Palácio do Planalto. A avaliação é da jornalista Rosângela Bittar.

“O agravamento do desvario que Bolsonaro está exibindo em praça pública não é gratuito e tem uma razão nem tão secreta. Esconde uma palavra que seu machismo não permite pronunciar, mas seu comportamento revela. Medo. O presidente está com medo”, escreve Rosângela, nesta quarta-feira (16), em sua coluna no Estadão. “A autoconfiança, expressa em sinais de que pode tudo, é falsa. Acompanhamos sua performance como se ele estivesse no picadeiro.”

Para a jornalista, Bolsonaro lança factoides para tentar, em vão, acobertar seu desgaste. “Nem a motocada de 12 mil fanáticos, nem a genuflexão de militares da ativa, conseguem lhe dar consistência”, afirma. “Seu governo sobrevive, debilitado. A administração pública agoniza, contaminada pela gestão destruidora da pandemia, mais inflação, mais desemprego, mais colapso da educação e da saúde, mais destruição de florestas, mais desobediência civil, mais deboche, mais vulgaridade.”

Rosângela informa que o presidente já sabe das ameaças que corre não apenas em território nacional. Segundo ela, “o ex-primeiro-ministro (israelense) Binyamin Netanyahu avisou a Bolsonaro, em recado passado ao então embaixador do Brasil em Israel, Paulo César Meira de Vasconcellos, de que corre o risco real de ser investigado pelo Tribunal Penal Internacional, com sede em Haia. As denúncias que o atingem tipificam crimes contra a humanidade, em especial genocídio dos povos indígenas”.

Além disso, pesa contra Bolsonaro o impacto da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, em curso no Senado, “com sua sólida maioria oposicionista”. Conforme Rosângela, o relatório final da CPI “deverá apontar a culpa de Bolsonaro em atos de transgressão do direito à vida. Representará, assim, um reforço institucional, o ponto de vista de um dos poderes da república, o Legislativo, para a análise do tribunal de Haia”.

“Esta é a assombração que persegue o antes destemido Bolsonaro. Seu pesadelo é perder a reeleição, a imunidade, e ser preso”, conclui a jornalista do Estadão. Enquanto está na Presidência da República, Bolsonaro ainda tem “trunfos” que lhe dão alguma proteção, como controlar, “a peso de ouro”, a Câmara Federal e abusar do procurador-geral da República. Fora do Planalto, por impeachment ou pelo voto, sua prisão é uma possibilidade concreta.

Fonte: VERMELHO

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