Prisões no caso Marielle Franco: um dia histórico para a democracia brasileira

Confira as repercussões e consequências das prisões dos suspeitos pela família, ministros, políticos e entidades.

Neste domingo (24), a família da vereadora Marielle Franco emitiu uma
nota descrevendo as prisões dos suspeitos de serem os mandantes do
assassinato dela e do motorista Anderson Gomes como um marco
histórico para a democracia brasileira. A nota enfatiza que, embora essas
prisões representem um avanço na investigação, ainda há muito a ser
esclarecido e investigado.
“É importante não perdermos de vista que até o momento ninguém foi
efetivamente responsabilizado por esse crime, entre os apontados como
executores e mandantes. Todas as prisões são preventivas e ainda há
muita coisa a ser investigada e elucidada, principalmente sobre as
motivações desse crime tão cruel como esse. Mas, os esforços
coordenados das autoridades são uma centelha de esperança para nós
familiares”, destacou a família.
A operação conjunta da Procuradoria Geral da República, Ministério
Público do Rio de Janeiro e Polícia Federal foi realizada neste Domingo
de Ramos, um dia de reflexão sobre justiça e recomeços, antecedendo a
Páscoa. A notícia das prisões foi recebida com grande importância pela
família, que aguarda há mais de seis anos por respostas sobre quem
mandou matar Marielle e por quê.
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Marielle Franco
Marielle Franco, uma parlamentar eleita com grande apoio popular, tinha
como foco de atuação a defesa dos direitos da população carioca,
especialmente aqueles que habitualmente têm seus direitos
fundamentais violados. Sua luta era pela justiça social e pela garantia de
direitos básicos para todos. Portanto, a resolução do caso não é apenas
crucial para a família de Marielle, mas para todo o Brasil e para aqueles
que defendem os direitos humanos.

A Anistia Internacional Brasil também se pronunciou sobre as prisões,
destacando que, apesar de representarem um avanço, ainda não
significam justiça completa. A organização ressalta a ligação do crime
com interesses de expansão das milícias no Rio de Janeiro e a
responsabilidade do Estado em enfrentar esses grupos paramilitares,
conforme estabelecido pela Corte Interamericana de Direitos Humanos.
Modus operandi das milícias
O Ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, fez
declarações enfáticas sobre o desfecho das investigações relacionadas
ao assassinato da vereadora Marielle Franco e seu motorista, Anderson
Gomes, em 2018. Para o ministro, a identificação dos possíveis
mandantes do crime representa um “triunfo expressivo do Estado
brasileiro” no combate à criminalidade organizada.
Lewandowski afirmou que o desfecho do caso Marielle oferece uma
compreensão mais clara do modus operandi das milícias no Rio de
Janeiro, revelando a sofisticação desses grupos criminosos, que se
estendem por todo o estado e estão envolvidos em diversas atividades
ilícitas. Ele destacou que essa investigação pode servir como um ponto
de partida para desvendar outros crimes e desmantelar organizações
criminosas que atuam e se infiltram no aparato estatal.
O ministro elogiou o trabalho conjunto da Polícia Federal, Ministério
Público Federal e integrantes do Ministério Público Estadual do Rio de
Janeiro, bem como a atuação firme do Supremo Tribunal Federal (STF),
que possibilitaram o avanço das investigações e a identificação dos
mandantes do assassinato de Marielle Franco.
Ricardo Lewandowski ressaltou que, embora a investigação esteja
concluída, os elementos recolhidos nas buscas e apreensões podem
trazer à tona fatos novos, e que a prisão dos suspeitos representa uma
vitória significativa na luta contra a criminalidade, especialmente no Rio
de Janeiro.
Por sua vez, o ex-ministro da Defesa, Raul Jungmann, destacou a
importância da atuação da Polícia Federal e do Ministério Público
Federal na elucidação do caso Marielle. Jungmann recordou que,
juntamente com a então procuradora-geral da República, Raquel Dodge,
solicitou uma investigação da investigação à Polícia Federal, devido ao
aparente estancamento das apurações conduzidas pela Polícia Civil do
Rio de Janeiro.
Jungmann revelou que a suspeita sobre a condução das investigações
surgiu após perceberem que estas estavam estagnadas, o que levou à
determinação de uma investigação paralela. Ele também destacou que,

na época do assassinato, o delegado Rivaldo Barbosa, que acabou
sendo preso neste desdobramento das investigações, era considerado
um aliado próximo de Marielle.
Prisão, cassação e expulsão
O presidente da Embratur e ex-deputado federal, Marcelo Freixo, aliado
político de Marielle Franco, apontou as ligações entre crime, política e
polícia reveladas pelas prisões. Freixo ressaltou a importância de
responsabilizar não apenas os executores, mas também aqueles que
impediram as investigações de avançar, destacando a necessidade de
virar essa página sombria da história do Rio de Janeiro.
A bancada do PSOL anunciou que buscará a cassação do deputado
Chiquinho Brazão, um dos presos neste domingo, e também entrará com
ação no Tribunal de Contas do Estado do RJ contra seu irmão,
Domingos Brazão. O presidente do partido União Brasil, Antonio de
Rueda, afirmou que solicitará à Comissão Executiva Nacional a abertura
de um processo disciplinar contra o deputado Chiquinho Brazão.
Após a prisão dos suspeitos de serem mandantes dos assassinatos,
diversas autoridades e políticos expressaram suas opiniões sobre o
desfecho das investigações. As declarações destacaram a importância
da federalização das investigações, o profissionalismo das instituições
envolvidas e a necessidade de enfrentar o crime organizado entranhado
nas estruturas do Estado brasileiro.
Flávio Dino, ministro do Supremo Tribunal Federal, iniciou suas palavras
citando o Livro dos Salmos, enfatizando a importância da justiça divina e
humana. Dino ressaltou o significado simbólico desse domingo e a
relevância da prisão dos suspeitos como um avanço na busca pela
verdade e pela justiça.
Gleisi Hoffmann, presidente do PT e deputada federal, destacou a prisão
dos suspeitos como um marco na luta contra a violência política e de
gênero. Ela pediu que todos os envolvidos no crime sejam denunciados e
julgados, incluindo aqueles que também vitimaram Anderson Gomes.
Hoffmann reconheceu o trabalho sério da Polícia Federal, do Ministério
Público e do STF para revelar a verdade oculta por tanto tempo.
Wellington Dias, ministro do Desenvolvimento Social, expressou sua
espera de seis anos pelo desfecho das investigações. Ele classificou o
crime como bárbaro e destacou a violência política contra uma mulher
que lutava pelas comunidades do Rio de Janeiro. Dias reafirmou seu
apoio às famílias das vítimas e sua determinação em continuar na luta
por justiça e paz, especialmente para as mulheres na política.

Sônia Guajajara, ministra dos Povos Indígenas, ressaltou que, após seis
anos, os suspeitos de mandar matar e operar para atrapalhar as
investigações foram presos. Ela afirmou que a luta de Marielle por um
país mais justo não será calada e que seguirá em frente.
Jandira Feghali, deputada federal pelo PCdoB-RJ, descreveu as prisões
como um resultado da federalização do crime bárbaro. Ela destacou o
envolvimento grave e profundo do delegado Rivaldo Barbosa e
expressou sua solidariedade às famílias de Marielle e Anderson. Feghali
afirmou que agora é necessário acompanhar todas as provas coletadas e
esperar uma punição dura e exemplar.
O deputado Orlando Silva ressaltou que a elucidação do crime só foi
possível graças à federalização das investigações, destacando o
entranhamento do crime organizado nas polícias e estruturas políticas do
Rio de Janeiro. Ele parabenizou o profissionalismo e a seriedade da
Polícia Federal, do ex-ministro Flávio Dino, do atual ministro
Lewandowski e do presidente Lula, reconhecendo o papel de cada um na
obtenção desse resultado.
A ministra Luciana Santos destacou a importância do dia, enfatizando
que, após seis anos, começaram a surgir respostas sobre os mandantes
e as motivações do crime brutal que tirou a vida de Marielle e Anderson.
Ela enviou um abraço apertado para sua amiga, ministra Anielle Franco,
e sua família, reafirmando o compromisso conjunto por justiça.
O ministro Silvio Almeida enfatizou que a prisão dos suspeitos representa
uma importante resposta para os familiares das vítimas e para todo o
povo brasileiro. Ele destacou que o atentado contra Marielle e Anderson
representou um marco da decadência civilizatória do país e ressaltou a
urgência de enfrentar o avanço do crime organizado e reafirmar o dever
do Estado de proteger os defensores de direitos humanos.
O deputado Márcio Jerry repostou uma mensagem do jornalista Rodrigo
Vianna que ressaltava o papel fundamental do ex-ministro Flávio Dino na
elucidação do caso Marielle. Segundo Vianna, sem Dino no Ministério da
Justiça, o caso não teria sido desvendado. Jerry destacou que Dino foi
essencial na vitória de Lula, na resistência ao Golpe de janeiro de 2023 e
na elucidação da morte de Marielle e Anderson, enfatizando que são
fatos, não apenas opiniões.

Fonte: Vermelho

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