Prorrogação da desoneração da folha é inconstitucional, diz Haddad

Na quinta-feira, Lula optou por vetar o projeto integralmente; Congresso deverá

analisar decisão

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), afirmou nesta sexta-feira (24) que
o veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à prorrogação da desoneração
da folha salarial contou com o respaldo da sua pasta, uma vez que considera a
medida inconstitucional.
O veto à desoneração dos setores da economia estava em aberto e só foi definido
na quinta-feira (23), último dia do prazo para Lula tomar uma decisão. Falando à
imprensa em São Paulo, o chefe da equipe econômica voltou a citar o esforço do
governo para colocar as contas do governo em ordem. Haddad ressaltou que
continuará a fazer revisões de incentivos tributários em busca do equilíbrio fiscal.
Na entrevista, Haddad também defendeu a aprovação pelo Congresso de ações
fiscais em tramitação, como a que regulamenta benefícios federais originados em
subvenções estaduais. Segundo ele, a União perde 1,5% do Produto Interno
Bruto (PIB) apenas com incentivos tributários.
“A medida que o presidente tomou é correta do ponto de vista econômico, do
ponto de vista jurídico. Na volta da COP, quando a reforma tributária, na minha
opinião, já vai ter sido apreciada pela Câmara terminativamente, nós vamos
poder levar ao Congresso Nacional uma solução que nos parece mais promissora.
E diante do que nós pretendemos fazer, eu penso que essa questão vai ser
pacificada”, afirmou.
Criada há 12 anos pelo governo Dilma Rousseff (PT), para algumas áreas, a
desoneração da folha contempla atualmente 17 setores da economia. A lei
permite às empresas beneficiadas pagar alíquotas de 1% a 4,5% sobre a receita
bruta em vez de 20% sobre a folha de salários, e garante o benefício só até 31 de
dezembro deste ano. Aprovado pelo Congresso, o texto do senador Efraim Filho
(União-PB), cuja relatoria é do parlamentar Angelo Coronel (PSD-BA), propunha
uma ampliação do benefício até o fim de 2027.
Falando aos jornalistas, Haddad rebateu o argumento de que a medida facilitaria
a geração de empregos, e citou a existência de estudos que tratam sobre a não
influência da desoneração da folha de pagamento na geração de oportunidades no
mercado de trabalho.
O ministro acrescentou que a União perde 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB)
apenas com incentivos tributários e, por isso, é necessário revisá-los. Haddad
também destacou que o governo tenta ao máximo antecipar os pagamentos neste
ano de “esqueletos” originados em anos anteriores, afirmando que aguarda
decisão do Supremo Tribunal Federal sobre o equacionamento da quitação de
precatórios. Segundo ele, a estratégia busca resolver logo problemas do passado
e clarear o cenário para 2024.
Questionado sobre a possibilidade de o Congresso derrubar o veto presidencial
sobre o projeto que prorroga a desoneração da folha de pagamentos por mais
quatro anos, Haddad adotou um discurso cauteloso, e reforçou que encaminhará
ao Legislativo uma alternativa que contemple os interesses dos parlamentares,
mas não explicou qual é a proposta.
“Eu não gostaria de antecipar uma medida que não foi tomada ainda. Nós vamos

levar ao Congresso Nacional não apenas as razões do veto, para que haja um
entendimento sobre isso, como vamos levar a alternativa ao que foi vetado. O
nosso entendimento é muito mais razoável do que o que foi aprovado”, justificou.
Fonte: Agência Brasil

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *