Brasil pode gerar a mais barata fonte de energia de hidrogênio verde do mundo

Expectativa é de que, em 2050, o Brasil produza o hidrogênio verde mais barato do mundo, chegando a custar metade do preço pelo qual se produz hoje o hidrogênio cinza.

No cenário global de busca por alternativas sustentáveis de energia, o
hidrogênio verde emerge como um dos temas mais promissores. Em um
artigo publicado pelo professor titular da Universidade Federal de Santa
Catarina (UFSC), Ricardo Rüther, no The Conversation, destaca-se que
o Brasil está entre os países mais propícios a liderar a produção dessa
fonte energética alternativa, abundante, econômica e potencialmente
eficiente. Chile e Argentina também podem vir a oferecer preços
competitivos.
Mas afinal, o que é o hidrogênio verde e por que o Brasil é tão favorecido
nesse contexto? O hidrogênio (H2) é um gás leve, incolor e altamente
inflamável, conhecido por ser o elemento mais abundante no universo,
embora na Terra esteja predominantemente combinado com o oxigênio
na forma de água (H2O). O hidrogênio possui conteúdo energético três
vezes maior que a gasolina e, ao ser queimado, produz energia e água
como únicos subprodutos, tornando-se uma fonte de energia limpa.
No entanto, para ser utilizado como combustível, o hidrogênio precisa ser
separado de outros elementos, um processo intensivo em energia que
recebe diferentes denominações conforme a sua origem. O hidrogênio
“cinza”, por exemplo, é produzido a partir de hidrocarbonetos ou
eletrólise da água usando energia elétrica de fontes fósseis, como
termelétricas a carvão ou gás natural. Todas as demais cores que tentam
valorizar esse tipo de energia precisam ser consideradas cinza, porque
também envolvem queima de combustíveis fósseis. Já o “verde” é
produzido através da eletrólise da água utilizando fontes renováveis,
como energia solar ou eólica.
A transição para o hidrogênio verde é crucial para mitigar as emissões de
gases de efeito estufa. Atualmente, a grande maioria do hidrogênio
utilizado é cinza, produzido a partir de fontes não renováveis, enquanto
menos de 0,1% é proveniente da eletrólise da água. No entanto, com a
redução dos custos das tecnologias renováveis, a produção de
hidrogênio verde torna-se cada vez mais viável.
Embora conhecidas há muitos anos, por razões de custo, essas
tecnologias ainda não permitem a utilização em larga escala. A urgência
de reduzir a emissão dos gases de efeito estufa, no entanto, tornam o
hidrogênio uma decisiva fonte de energia para a transição energética
sustentável. A mudança tem ocorrido com a redução acentuada dos
custos das tecnologias solar fotovoltaica e eólica, que geram hidrogênio
verde e seus derivados – como amônia (NH3), combustíveis sintéticos,
fertilizantes verdes, etc, que favorecem a circulação limpa de navios e
aviões.
O Brasil, com seu potencial de geração elétrica solar e eólica, além da
abundância de água, surge como um candidato privilegiado na produção

de hidrogênio verde. Estudos apontam que até 2050, o Brasil poderá
produzir hidrogênio verde a metade do custo do hidrogênio cinza
atualmente produzido. Essa produção mais barata poderia impulsionar
uma série de aplicações, desde a propulsão de navios até o fornecimento
de energia para a aviação comercial, contribuindo significativamente para
a economia do país e para a redução das emissões de gases de efeito
estufa.
Instituições como o Laboratório de Energia Solar Fotovoltaica da UFSC
já estão trabalhando no desenvolvimento de tecnologias para produção
de hidrogênio verde a partir de fontes renováveis, demonstrando o
potencial brasileiro nesse campo.
O hidrogênio verde, portanto, não só representa uma alternativa
promissora para a transição energética global, mas também oferece ao
Brasil uma oportunidade única de liderança e desenvolvimento
sustentável em um setor-chave para o futuro da energia.
Fonte: Vermelho

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