Campos Neto se encontrou com Bolsonaro antes do Copom.

Bolsonaro buscava controlar a inflação para decolar campanha.

Legislação proíbe que membros do Comitê conversem com pessoas sobre temas em debate na reunião.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, teve um agenda secreta com então presidente Jair Bolsonaro duas horas antes de o Comitê de Política Monetária (Copom) iniciar a reunião de maio de 2022.
O encontro ocorreu no dia 4 de maio de 2022, entre às 7h30 e às 8h, no gabinete presidencial. A informação aparece em um e-mail com título “Agenda Confidencial do PR: 04/5/2022”, ao qual está anexado o documento “04_5_2022 Confidencial”.
A mensagem foi enviada para Mauro César Cid, então ajudante de ordens da Presidência, às 20h56 do dia anterior ao encontro. O e-mail partiu da assessora Gianne Amorim P. Portugal, que trabalhava no gabinete adjunto de Agenda da Presidência.
Em nota, o Banco Central afirmou que “nenhum tema relativo ao Copom foi tratado durante o referido encontro” com Bolsonaro. O banco também ressaltou que “as regras do período de silêncio do Copom não vedam reuniões com agentes públicos, como pode ser visto na Resolução BCB nº 61/2021 e no regulamento”.
Por fim, o BC informou que o encontro com Bolsonaro naquele dia não constou em agenda oficial por uma “falha operacional”.
Na reunião do dia 4 de maio de 2022, o Copom subiu a taxa básica de juros de 11,75% ao ano para 12,75% ao ano, naquela época, o maior patamar em cinco anos.
Naquele momento, Bolsonaro tinha o controle inflacionário como um dos principais objetivos de campanha para a reeleição. Na ata, os diretores do BC afirmaram que a decisão levou em conta a inflação, que, segundo eles, seguia “surpreendendo negativamente”.
Considerado um perfil técnico, o furo de reportagem dado pelo jornalista Guilherme Amado, do Metrópoles, revela que Campos Neto desrespeitou uma das principais regras do Copom.
O “período de silêncio” proíbe os participantes do comitê de, na semana que antecede a reunião do órgão, “emitir declaração sobre Assuntos do Copom em discursos, entrevistas à imprensa e encontros com pessoas que possam ter interesse nas decisões do Copom, incluindo regulados, economistas, investidores, analistas de mercado e empresários”.
Fonte: Vermelho

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