Cláusula Pétrea – João Guilherme Vargas Netto

A pronta intervenção do presidente Lula atalhou de maneira brilhante uma
provocação da Folha de São Paulo na edição de segunda-feira, dia 15.
O jornal deu como manchete e desenvolveu em duas longas matérias (ambas
assinadas por Idiana Tomazelli) que a “valorização do mínimo é desafio à regra
fiscal”, tudo levando a contrapor a proposta de ajuste fiscal à política de
valorização do salário mínimo. Isto indisporia o movimento sindical dos
trabalhadores ao governo e criaria cizânia no parlamento.
Ao blindar a política de valorização do salário mínimo (e também o Bolsa Família)
de eventuais restrições decorrentes do ajuste fiscal, o presidente Lula confirmou
perante à sociedade, aos meios de comunicação e ao movimento sindical sua
promessa de valorizar o salário mínimo, tornando-a cláusula pétrea no ajuste.
A firme posição presidencial faz crescer a responsabilidade do movimento sindical
em apoiá-lo no Congresso e garantir a aprovação da política de valorização,
enfrentando as contradições parlamentares e a complexidade das discussões
congressuais; apesar de cláusula pétrea haverá a disputa que a Folha de São
Paulo exacerbou em sua tentativa de semear a discórdia.
A esta tarefa militante o movimento sindical deve se dedicar com ênfase,
inteligência e obstinação, conjugando o seu cumprimento com uma plataforma
unitária de lutas capaz de também atalhar uma eventual crise nas montadoras,
mobilizando as bases e unindo-as em defesa do emprego, de medidas
emergenciais e contra os juros altos, juntamente com as reivindicações
específicas.
Tudo isto e mais o resto exige, como nunca, “a subida” às bases, de tal maneira
que, quando os dirigentes sindicais falarem ao governo e o ajudarem, falarem ao
Congresso Nacional buscando aliados e falarem à sociedade para esclarecê-la, o
façam repercutindo as vozes dos trabalhadores e trabalhadoras que representam.

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